Sadinos inofensivos derrotados nos Açores
O Vitória de Setúbal, na deslocação ao reduto do Santa Clara, foi uma equipa sem veia ofensiva e com dificuldades na articulação entre os sectores. O meio-campo não conseguiu segurar o jogo e no ataque o jogo foi sempre lateralizado e pouco profícuo. Os sadinos revelaram melhorias no segundo tempo, mas o Santa Clara conseguiu defender muito bem o resultado de 1-0, estabelecido aos vinte minutos de jogo.
Árbitro: Paulo Costa
Vitória Futebol Clube SAD: Bossio; Paulo Ferreira; Hugo Costa; Eliseu; Fernando Mendes (Cap.); Marco Ferreira; Costa; Ico; Jorginho; Jean Paulista; Rui Miguel.
Treinador: Jorge Jesus
Alinharam ainda pelo VFC: aos 58 minutos saiu Jean Paulista e entrou Hugo Henriques; aos 79 minutos saiu Ico e entrou Sandro; aos 85 minutos saiu Costa e entrou Sérgio Jorge.
Disciplina: amarelos aos 37 minutos para Hugo Costa; aos 42 minutos para Jean Paulista; aos 77 minutos para Ico; aos 80 minutos para Eliseu; aos 89 minutos para Sandro; aos 90 minutos para Fernando Mendes.
Santa Clara: Fernando; Portela; Rui Gregório; Sérgio Nunes; Telmo; Paiva; Figueiredo (Cap.); Miner; Vitor Vieira; Tonito; Brandão.
Treinador: Manuel Fernandes
Alinharam ainda pelo Santa Clara: aos 62 minutos saiu Brandão e entrou George; aos 73 minutos saiu Figueiredo e entrou Glaedson; aos 86 minutos saiu Tonito e entrou Sandro.
Disciplina: amarelo aos 18 minutos para Paiva; aos 30 minutos para Telmo.
Golos:
1-0 aos 20 minutos por Telmo, que aproveitou uma saída da baliza de Bossio a Vitor Vieira, com este a passar recuado para Telmo, que não teve dificuldade em empurrar a esférico para a desamparada baliza sadina.
O Vitória iniciou o jogo com duas alterações no seu habitual onze inicial. Jean Paulista, substituiu o lesionado Meyong e Rui Miguel no lugar do melhor marcador sadino, Hugo Henriques. Mas, sem alterações no esquema táctico de quatro defesas, dois médios centros, dois alas e Jorginho no apoio ao ponta-de-lança.
O Santa Clara tentou surpreender nos minutos iniciais, apostando no endiabrado Vitor Vieira, pela esquerda, para criar desequilíbrios na estrutura sadina.
O Vitória apostou em atacar, preferencialmente, pelo seu lado direito. Aproveitando o bom momento de forma do lateral direito Paulo Ferreira, que apoiou, quer Jorginho quer Marco Ferreira, e criou situações cruzamento para a área adversária, mas sem consequências.
O jogo foi vivendo da inspiração individual de Vitor Vieira, pelos insulares, e Paulo Ferreira, pelos setubalenses, mas foi o homem das ilhas que primeiro brilhou e foi decisivo. Efectuou a assistência aos vinte minutos para Telmo, que sem Bossio na baliza, não perdoou o ensejo.
O tento surgiu na sequência da melhor jogada construída até aí. O lateral direito do Santa Clara, Portela – atleta formado nos escalões jovens sadinos-, cruzou rasteiro e largo para Vitor Vieira que, no lado oposto, recebeu em dificuldade e perante a presença de Bossio, passou recuado para Telmo que sem dificuldade marcou o tento.
Os sadinos não conseguiram nem souberam reagir, pois o Santa Clara dominou o meio-campo e não permitiu grandes veleidades. Pressionou o Vitória de Setúbal e estiveram sempre mais próximos da baliza adversária. Não que criassem lances de grande perigo, mas foram ganhando diversos pontapés de canto, o que era revelador da sua maior audácia e profundidade no ataque.
Os médios-centro Paiva e Figueiredo, dos açorianos, foram sempre mais eficazes na cobertura defensiva e a “matar” cedo o ataque sadino. Para isso, Manuel Fernandes, técnico do Santa Clara, colocou Paiva na marcação directa a Jorginho e adjectivou essa marcação de “impecável”. No ataque, partiram com maior lucidez, apoiados no repentísmo e técnica de Tonito, que os setubalenses tão bem conhecem.
O Vitória só levou perigo no primeiro tempo, já mesmo em cima do apito para o intervalo, quando Jean Paulista rompeu pela direita e cruzou direitinho para a cabeça de Jorginho, que entrou de rompante e, em excelente posição, desperdiçou tamanha oportunidade, ao cabecear ao lado. Sobre este período Jorge Jesus, treinador sadino, achou que a sua equipa “não jogou o seu normal”, mas que no entanto o jogo foi “equilibrado”.
O Vitória no segundo tempo apareceu mais acutilante e com sentido de baliza, mercê dos maiores adiantamentos no terreno do seu conjunto. No entanto, o seu futebol era confuso e com muito pontapé para cima, o que facilitou a tarefa da defesa contrária. Manuel Fernandes referiu que a sua equipa estava preparada para estes lances e que “esteve bem no jogo aéreo”.
Os açorianos passaram a apostar no contra-ataque, dando a iniciativa aos sadinos. Foi num desses lances de contra-ataque, aos 57 minutos, que poderiam ter dilatado a vantagem. Tonito, lançado na direita, descaiu para o centro e rematou para a defesa incompleta de Bossio, valendo aos sadinos o falhanço na recarga de Brandão. Posteriormente, Vitor Vieira rematou por cima.
O Vitória não satisfeito com o desenrolar da contenda, colocou Hugo Henrique ao lado de Rui Miguel e saiu Jean Paulista que esteve muito “apagado”. O perigo passou a rondar mais a baliza do Santa Clara. Os sadinos com mais pontos de referência no ataque, conseguiram articular e diversificar as suas jogadas e criaram mais espaços na intermediária adversária. No único lance de perigo da segunda parte, Marco Ferreira assistiu Jorginho que entrou pela área adversária com a bola dominada. Perdeu tempo de remate e permitiu a intervenção de Fernando, guarda-redes do Santa Clara. Para desespero do seu capitão de equipa, Fernando Mendes, e treinador que considerou que o seu atleta quis ser “perfeito demais”.
O tempo foi passando e os sadinos foram perdendo o “gás”. Mesmo refrescando o seu meio-campo com a entrada de Sandro para o lugar de Ico, os sadinos revelaram algum desgaste físico e anímico. O que permitiu ao Santa Clara voltar a dispor de situações de grande perigo, nos últimos dez minutos da partida.
O principal protagonista destas situações foi George, que entrou durante o segundo tempo. Primeiro com um centro remate que por pouco não permitiu o desvio a Vitor Vieira e, num segundo lance, falhou por muito pouco a emenda a um mau desvio de Bossio.
No final da partida, o técnico sadino considerou que o resultado certo seria “o empate por 1-1”. Enquanto Manuel Fernandes disse que a vitória dos seus pupilos era “muito justa”.
O destaque no Vitória de Setúbal:
Jorginho, pese embora ter desperdiçado as duas únicas situações de golo sadinas, foi um jogador sempre inconformado e alvo de particular atenção por parte dos açorianos, em virtude de já ser conhecido a profundidade do seu futebol e facilidade com que ‘rompe’ pelo centro do terreno.