[ Dia 17-12-2001 ] – CDU ganha em Setúbal e perde concelhos emblemáticos.

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Autárquicas 2001

CDU ganha em Setúbal

e perde concelhos emblemáticos

O eleitorado ‘baralhou’ as contas ao PS e à CDU. Enquanto, em Setúbal, os comunistas conseguiam reconquistar a capital de distrito, com uma surpreendente maioria absoluta, caiam os bastiões da coligação de esquerda: Barreiro, Alcochete e Grândola.

A conquista da maioria absoluta, em Setúbal, pela CDU, levou os apoiantes de Carlos de Sousa a uma autêntica ‘enchente’ de automóveis em caravana pela cidade, numa celebração que nem a chuva e o frio conseguiram parar. 16 anos depois de derrotados pelo socialista Mata Cáceres, a vitória dos comunistas, agora em coligação com o PEV, é interpretada pelo presidente eleito, Carlos de Sousa, como o resultado da “vontade de mudança” dos setubalenses, face a uma gestão socialista “arrogante”. A deputada Odete Santos, que deu corpo a um duelo directo com o ex-ministro Jorge Coelho na corrida à assembleia municipal, sublinhou esta ideia e não atribuiu qualquer interferência da imagem do Governo socialista nos resultados em Setúbal.

Odete Santos, que foi derrotada por Mata Cáceres nas autárquicas de 1989, diz que esta vitória não sabe a desforra e aponta que se tratou da “derrota de um modelo de gestão baseado na arrogância que os eleitores recusaram”. Os resultados finais deram 6 mandatos à CDU, 2 ao PS e um ao PSD. No discurso da derrota, Mata Cáceres esvaziou a vitória da CDU ao garantir que o resultado eleitoral foi, sobretudo, uma derrota socialista. “Não quero esconder-me atrás de desculpas, mas confrontámo-nos com obstáculos difíceis como a co-incineração, a candidatura dos independentes e um PCP forte”, afirmou.

A vitória da CDU, em Setúbal, estendeu-se às juntas de freguesia que, pela primeira vez, foram todas ganhas pela coligação de esquerda. Diz o socialista Humberto Daniel, o anterior presidente da freguesia de S. Sebastião, que as eleições foram decididas na votação para a Câmara Municipal, que “o resto foi por arrasto e o PCP nem sabe como é que ganhou as freguesias”.

Carlos de Sousa, o presidente eleito, promete “uma gestão participada”, mesmo com aqueles que não votaram CDU, e adianta que irá negociar com a oposição a atribuição de pelouros, sem, contudo, indicar quais. Tanto Mata Cáceres como Duarte Machado, o candidato da coligação PSD/PP, não especificaram se vão aceitar os cargos de vereadores, embora tenham garantido durante toda a campanha eleitoral que iriam ocupar os seus lugares na autarquia.

Bastiões do PCP pulverizados

Embora a CDU tenha conseguido reconquistar a capital do distrito e manter concelhos históricos para os comunistas, como é o caso do Seixal, com Alfredo Monteiro, Almada, com Maria Emília de Sousa, Moita, com João Almeida, e Palmela, com Ana Teresa Vicente, acabou por perder terreno para os socialistas, nomeadamente em três dos concelhos mais emblemáticos para o PCP: Barreiro, Grândola e Alcochete.

No Barreiro, o socialista Emídio Xavier levou a melhor ao comunista Carlos Maurício. Uma vitória que não o deixa surpreendido pois “os barreirenses estão cansados de anos sem trabalho e sem ideias”, afirmou o presidente eleito. Em Alcochete, o eleitorado deu maioria absoluta ao socialista José Inocêncio, que deitou por terra a tentativa do comunista Miguel Boieiro, para mais um mandato. Contudo, José Inocêncio não se diz surpreendido com os resultados. “Desde o início que acreditávamos na maioria absoluta porque o eleitorado está farto de falta de propostas da CDU”, garantiu ao “Setúbal na Rede”.

Já em Grândola, a vitória do independente Carlos Beato – pelo PS-  face à recandidadura do comunista Fernando Travassos, é interpretada pelo presidente da Federação Distrital socialista como “uma vitória do 25 de Abril”.

Em Alcácer do Sal, Rogério de Brito, reforça a maioria absoluta da CDU e ‘pulveriza’ a candidatura do PS. “Foi uma vitória esperada e agora há que trabalhar para melhorar a vida do concelho e captar investimentos para fixar a população”, garante o autarca comunista. Em Sines, Manuel Coelho acabou reeleito mas com o PS ‘à perna’ por poucos votos, ao passo que em Santiago do Cacém, o ‘sucessor’ de Ramiro Beja, Vítor Proença, conseguiu uma maioria relativa. “Foi uma luta difícil mas a população apoiou o nosso trabalho, pelo que o futuro vai contar com novos métodos de gestão, mais aberta e maios eficaz”, promete o novo presidente santiaguense.