• 22-01-2002 • |
AVISO À NAVEGAÇÃO |
Abram os olhos, mulas
Não há dúvida que a política doméstica está cada vez mais a ser nivelada por baixo. E tudo porque impera cada vez mais a mediocridade, a falta de qualidade, o analfabetismo político. É do senso comum que quem ganha governa. Nas mentes mesquinhas dos políticos domésticos, as surpresas desagradáveis vêm de quem apregoa a democracia aos quatro ventos, mas para os outros. Quando perdem, fazem tudo para boicotar a democracia.
O que se passou em Setúbal depois o acto eleitoral de 16 de Dezembro, foi muito mau para os perdedores. A CDU ganhou em toda a linha, ficou a dominar a Câmara Municipal, a Assembleia Municipal e as Assembleias de Freguesia porque, os ‘intrometidos’ dos eleitores entenderam, através desse gesto que é o voto na urna, que outra força devia ganhar. De quatro em quatro anos deixam o povo brincar à democracia, dão-lhe o exercício do voto e os eleitores lá vão, em fila indiana, pensando que na verdade eles é que mandam.
Em todas as oito Assembleias de Freguesia a CDU ganhou, sendo que quatro delas em maioria absoluta e as outras quatro em maioria relativa. Mas ganhou, e, portanto, em equiparação do número de membros eleitos, tem mais do que as outras forças políticas concorrentes. Mas nas Assembleias de Freguesia de Nossa Senhora da Anunciada e Sta. Maria da Graça, os perdedores não entenderam assim. Na Anunciada, o PS, com o PSD/PP e com o Movimento de Cidadãos por Setúbal (o tal que dizia que tinha uma prática diferente dos partidos e que os criticou contundentemente) formaram uma aliança, e, como resultado, da força ganhadora, somente ficou o Presidente, que é da CDU.
Na Assembleia de Freguesia de Sta. Maria da Graça, foi o PS e o PSD/PP que se aliaram e também deixaram somente no Executivo, a Presidente, que é da CDU. Diga-se em abono da verdade que em S. Maria da Graça dois eleitos do PSD/PP tiveram a dignidade de se demitir, porque não aceitaram tal aliança que deturpou completamente os resultados. Assim, em ambas as Assembleias de Freguesia, onde os eleitores deram a maioria à CDU, o PS, PSD/PP e Movimento de Cidadãos (o tal que apregoava a pureza e seriedade da política) falsearam os resultados, pelo que de nada serviu as eleições darem a maioria à CDU. Isto é a vergonha da política, é o não saber perder, é a vingança, a raiva, a dor de cotovelo e sobretudo o enganar os eleitores.
Como é que se explica que na Anunciada, o Movimento de Cidadãos por Setúbal (o tal que se colocava num plano de seriedade e que não entrava nas manobras dos partidos) obteve a inexpressiva percentagem de 6,2; agora, está ao mesmo nível da CDU, que obteve 42 por cento dos votos. É esta política de mentira que os partidos praticam, é assim que fazem os derrotados, aqueles a quem o eleitorado não deu a dignidade da vitória. Em minha opinião, e porque rejeito a baixeza e a atitude vergonhosa daquilo que foi feito à força vencedora, considero que seria útil para a verdade da democracia que a CDU renunciasse e pedisse eleições antecipadas, pois com os eleitores esclarecidos certamente dariam uma maioria confortável à força vencedora e fariam com que os derrotados fossem punidos. O que aconteceu com o facto de o PS, PSD/PP e Movimento de Cidadãos por Setúbal (o tal que se demarcou dos partidos mas copiou deles o que têm de pior e de mais rasca, que é o falsear a verdade) não estão somente a punir a CDU por ter ganho: o que estão é a punir, a castigar os eleitores por não terem votado neles. Gente desta não interessa à política, são como as mulas: só vêm para a frente e não têm horizontes para os lados. Não sabem abrir os olhos e olhar à sua volta, ver a realidade, saber que na política nada é eterno e que existe dignidade, respeito e vergonha, que são qualidades que os políticos domésticos não conseguem assimilar.
O princípio é deixar governar quem ganhou, e depois, daqui a quatro anos, os eleitores darão a sua opinião. Assim, prejudicam a força que ganhou porque não pode implementar o seu Programa, é constantemente boicotada e é necessário que os eleitores saibam disso.
Políticos destes, domésticos, feios, maus e ressabiados, não. Mesmo a política doméstica merece coisa mais séria.