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Decisões injustificáveis De vez em quando, com mais frequência que o que seria desejável, somos confrontados com decisões, normalmente políticas, que como é hábito dizer-se ‘sem pés, nem cabeça’, ou pior, que ofendem a nossa compreensão e a nossa capacidade de tolerância. O que vimos num destes dias na televisão, o enterramento numa ilha dos Açores de centenas de carcaças de gado bovino, em excelentes condições de consumo, e não atacadas de qualquer BSE (que as tornaria impróprias para consumo humano) raia o insólito, o indecente, o absurdo. Na realidade enterrar tantas cabeças de gado, repita-se em boas condições de consumo, só para não baixar o preço da carne é no mínimo insólito e indecente. Absurdo porque ainda por cima arriscam-se a criar um problema ambiental, aliás as primeiras queixas surgiram logo ainda as carcaças estavam a ser enterradas. Mas o mais imoral da questão foi bem salientado pelo pároco de Rabo de Peixe, um dos locais mais emblemáticos da miséria em que vive uma comunidade de pescadores, com problemas graves de famílias sem condições dignas de vida, a maioria a viver do Rendimento Mínimo Garantido, outras nem a isso têm acesso, que não devem comer carne, se calhar nem uma vez na vida e, no entanto ali bem perto são enterrados quilos de carne. Tal como frisou o sacerdote “quem decidiu tal afronta não lhe deve faltar carne em casa”, mas esquece-se das centenas de pessoas, incluindo crianças, que a ela não têm acesso. Enquanto os decisores políticos pautarem a sua actuação subordinados ao iníquo fito mercantilista e, se abstraírem do factor humano, continuarão a haver situações como a dos Açores e continuará a ser difícil aceitar que seres humanos vivam, desnecessariamente privados do mínimo de dignidade. |
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