[ Dia 12-04-2002 ] – ENTRE LINHAS por Brissos Lino.

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12-04-2002 

ENTRE LINHAS
por Brissos Lino
(dirigente associativo)


Passos perdidos

O novo parlamento arregaça agora as mangas para se fazer ao trabalho. É tempo de fazer a diferença. E já vai tarde…

A Assembleia da República iniciou recentemente os trabalhos da nova legislatura. Os recém eleitos representantes da Nação começam a aquecer os bancos, integrados nos respectivos grupos parlamentares. Os caloiros tomam conhecimento dos procedimentos internos de S. Bento, enquanto outros, que conhecem os cantos à casa há muito tempo, voltam a sentar-se ali como que para matar saudades.

Será com certeza este o tempo de fazer um esforço no sentido de mudar alguma coisa na eficácia e na imagem pública desta casa da Democracia. Parece haver razões objectivas e facilitadoras para que tal aconteça.

Em primeiro lugar porque muitos dos deputados que agora se sentam nas cadeiras da bancada socialista passaram pelo governo, tendo portanto uma consciência política e uma experiência altamente valiosas para oferecer a este órgão de soberania.

Por outro lado, alguns dos que iniciam de momento a experiência de deputado podem também oferecer o seu feed-back social, a sua juventude, ou a sua sensibilidade e experiência profissional aos grupos parlamentares em que estão integrados, ainda sem os vícios dos mais velhos.

O presidente da Assembleia da República, no seu discurso de posse, quis dar ao país um sinal de exigência quanto à função e ao desempenho dos deputados, o que é de sublinhar quando falamos no órgão de soberania que pior imagem tem colhido consecutivamente entre os Portugueses.

Quando os partidos políticos estão em descrédito aos olhos dos cidadãos eleitores, quando a abstenção eleitoral pode ser considerada preocupante, quando o país se defronta com uma crise de liderança, é tempo de fazer do parlamento um lugar digno, respeitado, sério, e que se leve a si próprio a sério.

Esperemos que não se voltem a observar espectáculos pouco edificantes, como deputados a dormir em pleno hemiciclo, outros a perder a compostura, outros a assinar o livro de presenças e voltar a sair de imediato, comissões que não funcionam e outras cenas pouco edificantes.

Para que o andar do país não se reduza aos Passos Perdidos…   seta-3690622