PSD/PP quer gestão ‘privada’ na Câmara de Setúbal
O executivo comunista da Câmara de Setúbal deve apresentar soluções para o ‘buraco’ financeiro da autarquia e deixar de lamentar a herança que recebeu do executivo socialista. A afirmação é da coligação PSD/PP na Assembleia Municipal (AM) que ontem apresentou três medidas concretas para ‘endireitar’ financeiramente o município.
O executivo “tem de apresentar soluções concretas e não passar o tempo a falar da herança que recebeu”, senão “quem vai sofrer com isso é o bem estar dos setubalenses”. A afirmação é do deputado municipal Dias Pereira, que ontem apresentou em conferência de imprensa algumas medidas que a AD concelhia considera “fundamentais”.
Dois meses depois de conhecido o relatório da Andersen Consulting “já era tempo de falar em medidas de fundo” para a crise financeira “provocada por 16 anos de uma gestão casuística, sem qualquer estratégia senão a de aproveitar os fundos comunitários para fazer obra pública nos anos de campanha eleitoral”, defende o social democrata Paulo Valdez ao afirmar que afinal tinha razão, quando nas reuniões da AM alertava o então executivo socialista para a forma como geria a Câmara. “Se não fosse a dívida” de quase 30 milhões de euros contraída em 2001 à banca, a autarquia “não tinha qualquer capacidade de gerir o municípios e, muito menos de fazer investimentos”, acrescenta.
A ‘terapeutica’ defendida pelo PSD para a falta de dinheiro e endividamento da Câmara de Setúbal passa por “medidas de preparação para atingir a auto-suficiência” contando apenas com as receitas próprias e as verbas da administração central. Até porque os fundos comunitários vão sendo reduzidos progressivamente até 2006, acrescenta Dias Pereira ao recordar que “a partir dessa data serão mesmo uma incógnita”.
A segunda aposta vai para “um investimento estratégico orientado para a criação de riqueza na região”, aliada ao fim “da filosofia despesista” da autarquia, adianta ao dar como exemplo o programa Polis. Embora não defenda a suspensão do programa, a coligação PSD/PP admite a necessidade de “proceder a alterações” procurando soluções mais baratas e mais eficientes. Uma possibilidade que, de resto, pode ser concretizada, refere, uma vez que, não tendo ainda o plano estratégico aprovado, o Polis pode ainda ser sujeito a ajustamentos. A coligação diz estar a trabalhar nesta área e promete para breve a divulgação das propostas que tem vindo a encontrar para ‘minimizar’ os impactos financeiros do programa.
Uma outra área em que social democratas e ‘populares’ querem ver alterações é nas organização dos serviços e de pessoal. É preciso “aumentar as receitas correntes e reduzir as despesas” nomeadamente com o pessoal e na contratação de terceiros através de recibos verdes ou avenças. “É cada vez mais importante adoptar uma filosofia de gestão privada”, adianta este responsável ao advertir que se tal não for feito “daqui a quatro anos a Câmara continuará a ser a maior empregadora do concelho e nada mudará em benefício da população”.