[ Dia 27-05-2002 ] – Estivadores da Setulpor em protesto contra o trabalho precário.

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Estivadores da Setulpor em protesto contra o trabalho precário Os estivadores afectos à Setulpor, uma das empresas responsáveis pelo fornecimento de mão de obra para as cargas e descargas no Porto de Setúbal, estiveram hoje em protesto motivado pelo que dizem ser um “castigo” por parte da administração da empresa. Os trabalhadores recusaram assinar contrato com uma empresa de trabalho temporário, tendo sido automaticamente “excluídos da escala de serviço da empresa e substituídos por outros trabalhadores com menor experiência”. No âmago da questão que opõe trabalhadores e empresa está um processo de sindicalização que decorreu recentemente. Segundo António Mariano, presidente do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal, quando há alguns anos outro sindicato tentou uma abordagem aos trabalhadores eventuais do Porto de Setúbal, “todos foram despedidos”. Desta vez o que aconteceu foi “que os trabalhadores da Setulpor foram convidados a assinar os recibos de vencimento passados por uma empresa de trabalho temporário” e “não pela empresa de trabalho portuário como acontecia desde há vários anos”, já que em alguns casos “os trabalhadores estão em situação precária há oito anos”.

Mediante o as afirmações de António Mariano, “os estivadores estão a ser perseguidos e discriminados”, pelo que o sindicato “está a envolver o IDICT (Instituto para o Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho) nesta luta, numa tentativa de forçar a empresa a inverter a situação”.

Apesar de afirmarem que “não estão em greve”, os trabalhadores dizem-se dispostos a “continuar os protestos”, até porque não aceitam continuar em situação precária, quando “há trabalho suficiente”. Os estivadores sentem-se “explorados” dado que “não recebem quais quer subsídios, desde férias até ao subsídio de risco, ou 13º mês”. Segundo José Gomes, representante dos trabalhadores, enquanto os efectivos ganham “cerca de 13 mil escudos por dia, um trabalhador eventual ganha cerca de 6 mil escudos”.

Outra das irregularidades de que os trabalhadores acusam a empresa prende-se com a “ausência de subsídio de risco e de formação”, uma vez que “ao serem polivalentes, os estivadores estão sujeitos a acidentes, que só ainda não foram graves por sorte”, afirma José Gomes.

Segundo o Sindicato dos Estivadores, “o Porto de Setúbal necessita de um contingente de trabalhadores na ordem das 100 pessoas e tem apenas trinta e poucos efectivos”, o que implica que “trabalhem no Porto cerca de 311 subcontratados”, afirma o presidente do sindicato.  seta-7450902