Em dia de protesto é anunciada reparação do IP8
As obras de beneficiação do IP8/IC33, do troço que liga Sines ao nó de Grândola, poderão ter o seu início já no mês de Julho. A notícia tem por base um despacho do gabinete do Secretário de Estado das Obras Publicas, datado de quarta-feira passada (29 de Maio).
Nesse despacho o governante faz saber que o concurso relativo à empreitada desta via foi realizado em Fevereiro e, que a obra em adjudicação com o processo de audiência prévia dos concorrentes será desencadeada ainda esta semana. No documento pode ler-se ainda que a data prevista para a adjudicação e consignação será Julho de 2002 sendo o prazo de execução de 360 dias.
A notícia surgiu no dia 29 de Maio, quando as populações dos concelhos de Santiago do Cacém, Sines, Grândola e Alcácer do Sal saíram à rua para protestar contra o elevado estado de degradação em que se encontra aquele troço de estrada, “uma armadilha permanente”, como a define Vítor Proença, presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacem.
Neste protesto participaram várias centenas de utentes do IP8, que impunham bandeiras negras como sinal do seu descontentamento. As várias centenas de pessoas vindas dos quatro concelhos do Litoral Alentejano percorreram cerca de 30 quilómetros entre a localidade de Cruz de João Mendes, no concelho de Santiago do Cacém e a localidade de Sines, sempre em marcha lenta e acompanhada de um ruidoso buzinão.
No final do protesto o autarca de Santiago do Cacém mostrava-se bastante satisfeito com a adesão a esta jornada de luta. Vítor Proença diz que a vinda de todas as pessoas demonstra o estado “calamitoso” em que se encontra o IP8/IC33 e as suas preocupações em relação à sua própria segurança.
Vítor Proença exige que o Governo considere a resolução do problema desta via de comunicação como prioridade nacional, referindo ainda que a luta por parte da população e dos autarcas pela reparação da mesma “deixou de ser um direito para ser tornar num dever”.
Associada a esta manifestação esteve também a Câmara Municipal de Sines, através do seu presidente, Manuel Coelho.
O autarca é peremptório em afirmar que o estado em que se encontra aquela que constitui a principal via para chegar ao concelho de Sines tem originado “grandes prejuízos”.
Manuel Coelho considera que, se a curto prazo não houver o arranjo da estrada com carácter de urgência, a próxima época turística está comprometida pois “quem aqui vem e vê esta via desinteressa-se pela região”.
Ao mesmo tempo exige que sejam dadas respostas claras e por escrito de quando começarão as obras. É que com estas condições os investidores “estão a afastar-se” do concelho e, se as vias não estiverem em devidas condições “não se cumprem” os objectivos para que estão a ser feitas, ficando as populações “iludidas” com os milhões de contos que são investidos e que “não se tornam produtivos” tendo em conta a falta de complementaridades.
Solidária com a causa esteve também a Assembleia Municipal de Alcácer do Sal. António Balona, presidente daquele órgão mostra-se solidário com os autarcas e populações pois o problema desta vias “não está localizado num só concelho, trata-se de um problema da região”. A Assembleia Municipal de Alcácer do Sal aprovou recentemente uma moção de critica em relação ao IC33, já que parte desta via passa pelo concelho de que é representante o eleito. António Balona refere ainda que estas vias são de “grande importância” para toda a região, quer do ponto de vista sócio económico quer do ponto de vista das potencialidades turísticas.
Os autarcas de Sines e Santiago do Cacém apesar da reparação prometida a curto prazo pelo Governo mostram-se preocupados com a proximidade do próximo verão e também com o próximo Inverno. O autarca de Sines mostra-se apreensivo e refere que com mais um Inverno a estrada “estará intransitável”, acrescentando ainda que apesar do despacho do governo, “foi justo fazer o protesto” pois na manifestação realizada no ano passado o anterior Governo também informou que haveria uma reparação rápida o que não se veio a verificar.
Os dois presidentes defendem ainda que a reparação desta via de comunicação, apesar de “necessária e importante, não responde às necessidades e anseios dos dois concelhos, e que os investimentos do porto de Sines justificam novas vias”.