Lagoa de Santo André interdita a banhosA água da Lagoa de Santo André
“não é própria para banhos”, garante Ana Vidal, directora da Reserva Natural da Lagoa de Santo André e Sancha, que vem justificar a resolução de interditar a lagoa a banhos, tomada pelo Instituto Nacional da Água (INAG). Esta decisão teve como motivo a má qualidade da água. Ana Vidal acrescenta que por se tratar de uma zona lagunar “tem características próprias e por isso não é propriamente uma zona balnear”. Com o começo da época balnear agendado para amanhã (1 de Junho), na Lagoa de Santo André, não são aconselhados banhos. De acordo com as análises feitas pelo INAG à água da lagoa, esta não tem qualidade compatível à prática de banhos, daí a decisão de interditar a zona.
Segundo Ana Vidal, a má qualidade da água da Lagoa de Santo André tem origem em “três problemas fundamentais”. A directora refere a “falta de fiscalização às suiniculturas da zona, que continuam a fazer descargas nas ribeiras que desaguam na lagoa”, o facto de “algumas povoações não terem ligação à rede municipal de esgotos” e, uma vez que se trata de uma zona lagunar, “esta água tem especificidades próprias de uma lagoa”.
Apesar de se localizar junto da costa, esta lagoa não tem uma ligação permanente ao oceano, o que faz com que “a água se vá deteriorando nos meses de verão”, diz Ana Vidal. A directora da Reserva Natural explica que “a matéria orgânica depositada no leito da lagoa, começa a ficar em suspensão com o aumento de utilização da água pelos banhistas” e, com o aumento do calor no período de Junho a Setembro, “a diminuição do oxigénio faz com que a matéria orgânica se decomponha mais rapidamente”, fazendo com que água perca qualidade.
Para Vítor Proença, presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, o problema desta lagoa reside no facto de existirem ainda “algumas pessoas com grande falta de escrúpulos, que continuam a fazer descargas de pecuárias na ribeiras a montante da lagoa”. O presidente garante que “todas as habitações localizadas junto da lagoa estão ligadas à rede de esgotos” e que o problema principal são “as povoações rurais, mais afastadas, que utilizam as ribeiras como meio de escoamento de efluentes”. Vítor Proença não se mostrou muito apreensivo com o facto da Lagoa de Santo André ter sido interditada até porque, segundo o presidente, “existem praias de muito boa qualidade no concelho e em todo o Litoral Alentejano, nomeadamente a praia da Areia Branca”.
Para solucionar este problema, Ana Vidal afirma que era necessário “abrir a lagoa ao mar mais que uma vez por ano” para que a água fosse renovada na totalidade. No entanto, a directora da Reserva Natural da Lagoa de Santo André, diz que este “é um processo que apenas pode ser realizado em determinada época do ano” e que o sistema natural que a lagoa tem “não permite que esta abertura se mantenha por mais do que seis a sete dias”.