Incentivos para centros históricos anunciados
em Santiago do Cacém
O Secretário de Estado da Habitação, Jorge Costa, disse ontem (25 de Julho), em Santiago do Cacém que o governo “vai intervir na recuperação de centros históricos” na vertente habitacional e de equipamentos, através da criação de programas que visem a luta contra a degradação dos centros históricos como é o caso do de Santiago do Cacém.
A promessa foi deixada durante a inauguração do Núcleo Museológico do Tesouro da Colegiana de Santiago do Cacém, no qual o Governo é parceiro com a Diocese de Beja e a Câmara Municipal de Santiago do Cacém.
O Secretário de Estado disse ainda que o governo vai procurar enquadrar este programa de intervenção também no espaço público. É que, segundo o governante, “não faz sentido recuperar os edifícios sem pensar na criação de equipamentos e infra-estruturas complementares”.
Este núcleo museológico ontem inaugurado constitui o primeiro pólo da rede museológica diocesana, inserido no projecto “Terras sem Sombras”, que pretende criar uma rede de museus de pequena e média dimensão, que se encontram com problemas de conservação “muito sérios”, e que confiram animação a monumentos como a Igreja Matriz de Santiago do Cacém, onde está instalado o museu. Ao mesmo tempo este projecto tem por objectivo valorizar os santuários de peregrinação como é o caso de Santiago do Cacém, tendo em conta a vertente turística.
Para José António Falcão, do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, trata-se de trazer à vida um património “moribundo”, um património para o qual “não se antevia outro futuro senão esta revitalização” do ponto de vista cultural e turístico sem esquecer a componente litúrgica.
O Secretário de Estado da Habitação enalteceu a parceria entre os três organismos que tornaram possível este museu, considerando que “estão criadas condições para outras parcerias, e que esta é uma forma excelente de recuperar edifícios arquitectónicos em benefício de toda uma população”.
Com este museu, onde está exposto o Tesouro da Tolegiana de Santiago do Cacém, estão patentes ao público um conjunto de peças associadas à figura da mítica D. Vataça mas também ligadas às diferentes confrarias, irmandades e ordens terceiras de Santiago directamente ligadas à história religiosa deste concelho alentejano.
Vítor Proença, presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, defende que este museu “é de grande importância” porque permite expor ao público, uma riqueza muito grande do ponto de vista de arte sacra, que era desconhecido. Segundo o edil, este património vem puxar pela memória dos santiaguenses , pelos valores, pela cultura e pelo turismo.
No acto inaugural o autarca não deixou de pedir o auxilio do governo no sentido de apoiar outras recuperações como são os casos o Museu de Arte Sacra, para onde estas peças serão transferidas quando o mesmo estiver pronto e os problemas relacionados com a degradação do centro histórico e da Porta do Sol, que também se encontra em “elevado estado de degradação”.
As preocupações do autarca santiaguense são partilhadas por José António Falcão que se mostra esperançado na continuação da valorização por mais um período de três anos de forma a que as maiores necessidades sejam cobertas, nomeadamente a recuperação das coberturas da Igreja Matriz, da consolidação da porta do sol, que segundo argumenta ”está a morrer” nas mãos dos técnicos e que se nada se for feito “levará a um processo de degradação irreversível”. Outra preocupação é a capela do Santíssimo Sacramento onde até há poucos anos chovia e onde são necessárias obras profundas de remodelação e manutenção.