Os cerca de 250 trabalhadores da Soflusa, empresa de transporte marítimo que assegura a travessia do rio Tejo entre o Barreiro e Lisboa, “estão preocupados com a possibilidade desta empresa vir a ser extinta”, afirma José Manuel Oliveira, dirigente sindical da CGTP. Estas preocupações surgem na sequência da Transtejo, outra das concessionárias das travessias do Tejo, ter adquirido o capital social da Soflusa e pretender explorar algumas das carreiras, fora das horas de ponta, com dois catamarãs, ao serviço da Transtejo.
Está previsto que a partir de segunda-feira duas embarcações da Transtejo comecem a operar na ligação Barreiro/Lisboa, no entanto, os trabalhadores da Soflusa que hoje (24 de Julho) reuniram em plenário, reafirmam a sua posição, “reivindicando que as carreiras do Barreiro/Terreiro do Paço e vice-versa sejam asseguradas exclusivamente pela Soflusa e pelos seus trabalhadores”, diz José Manuel Oliveira. O dirigente avançou ainda a possibilidade dos trabalhadores “reunirem todos os esforços necessários, na próxima segunda-feira, para que estas ligações não sejam efectuadas por trabalhadores da Transtejo”.
João Franco, presidente da Transtejo e da Soflusa, garantiu ao “Setúbal na Rede”, que a realização destas ligações, fora das horas de ponta, com trabalhadores e embarcações da Transtejo, “não põe em causa os postos de trabalho dos marinheiros da Soflusa”. O administrador das duas empresas, afirma também que “a viabilidade da empresa não está em causa e que a preocupação dos funcionários, não tem fundamentos”, pois o objectivo neste momento “é recuperar a Soflusa e trabalhar na gestão conjunta das duas empresas”, que de acordo com o presidente, “são antes de mais complementares e não concorrentes”.
Inicialmente, os dois barcos da Transtejo, do tipo catamarã, que iriam efectuar as ligações Barreiro/Terreiro do Paço, encurtando o percurso em cerca de dez minutos, seriam postos ao serviço da Soflusa e operados por tripulações desta empresa. Para isso, alguns dos marinheiros encontravam-se a receber formação para que pudessem conduzir estas embarcações, mas que foi interrompida pela administração das duas empresas, pois, de acordo com o presidente, “não é ainda conhecida a legalidade da situação”, ou seja, a administração tem dúvidas acerca da “possibilidade do mesmo barco ser posto ao serviço de uma determinada empresa, no horário considerado hora de ponta e depois efectuar serviço por outra empresa, no período fora de hora de ponta”. João Franco diz que “a legalidade da situação está a ser analisada junto das entidades competentes”, nomeadamente a Capitania do Porto de Lisboa.
O sindicato considera que “os utentes desta travessia estão a ser vítimas de jogadas de bastidores, que visam pôr em causa muitos postos de trabalho da Soflusa”, pois tem sido “consecutivamente adiada a entrada em funcionamento dos novos barcos, causando expectativas frustradas naqueles que, todos os dias, atravessam o rio Tejo”, afirma José Manuel Oliveira. No próximo dia 29 os trabalhadores vão reunir novamente em plenário e até lá, e caso se justifique, “poderá ser convocado novo plenário de emergência”, afirma o dirigente sindical.