[ Dia 26-07-2002 ] – Administração da Soflusa cancela ligações com catamarãs.

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Administração da Soflusa cancela ligações
com catamarãs

A administração conjunta das duas empresas concessionárias da travessia do Tejo, a Soflusa e a Transtejo, cancelou ontem (25 de Julho) a ligação entre o Barreiro e Lisboa com barcos do tipo catamarã, que estava previsto iniciar-se na próxima segunda-feira. José Manuel Oliveira, dirigente sindical da CGTP-IN, afirma que “esta decisão vem de encontro às reivindicações dos trabalhadores, que reclamam que as carreiras da Soflusa devem ser asseguradas por trabalhadores desta empresa”.

Os funcionários da empresa Soflusa, que reuniram em plenário na passada quarta-feira, onde foi decidido que iriam reunir todos os esforços necessários para não permitir que estas ligações fossem efectuadas por embarcações tripuladas por marinheiros da Transtejo, “vêem agora as suas aspirações alcançadas, perante a decisão tomada pela administração”, revela José Manuel Oliveira.

Quanto às razões evocadas pela empresa, o dirigente sindical, diz que “a administração recuou e cancelou as ligações, porque percebeu que os trabalhadores tinham razão quando questionavam a viabilidade desta situação, quer ao nível organizacional, quer ao nível legal”, afirma o sindicalista. José Manuel Oliveira acusa também a administração por ter tomado esta decisão, “que demonstra a falta de respeito pelos seus utentes”, depois ter “criado expectativas, agora frustradas, nos que todos os dias atravessam o Tejo, prometendo mais rapidez no percurso Barreiro/Lisboa e maior conforto no transporte”.

João Franco, presidente das duas empresas, defende-se afirmando que as razões que levaram a administração a não levar por diante a ligação Barreiro/Lisboa em catamarã, “prendem-se com vários aspectos e que nada têm haver com cedências que possam ter havido relativamente às reivindicações dos trabalhadores”. O presidente esclareceu que a ligação prevista, iria ser efectuada com embarcações da Transtejo e pelos seus tripulantes, “já que do ponto de vista legal, não era confirmado que o mesmo barco pudesse ser operado por tripulações de diferentes empresas”, ou seja, por marinheiros da Transtejo, nalgumas horas do dia e por marinheiros da Soflusa, nas restantes. Por outro lado, havia também a questão de “saber se uma empresa, que não a Soflusa, podia efectuar as ligações Barreiro/Lisboa, utilizando uma carreira legalmente concessionada a esta empresa”, acrescenta João Franco.

O presidente diz ainda que o revogar da decisão de colocar os barcos da Transtejo ao serviço da Soflusa, teve também como argumento o facto de que “estas embarcações poderiam ser necessárias na frota da empresa a que pertencem, a qualquer momento, um cenário que poderia colocar em risco as ligações das duas transportadoras”. Face à acusação do sindicato de que a empresa não respeita os seus utentes, o presidente não se mostra “preocupado”, pois, de acordo com o administrador, “o número de utentes que iria usufruir destas carreiras, fora das horas de ponta, era reduzido e maioritariamente composto por pessoas que utilizam o serviço esporadicamente”.

Para já os 250 trabalhadores da Soflusa dizem estar “dispostos a lutar pelas suas aspirações de melhorar a qualidade do serviço prestado no transporte marítimo de passageiros” entre as duas margens do Tejo e interpretam esta decisão “como um bom indicativo de que a Soflusa vai continuar”, afirma José Manuel Oliveira.  seta-7694744