• 08-08-2002 • |
CRÓNICA DE OPINIÃO |
Parque de Diversões de Santiago
– À procura de um novo espaço
Respondendo ao “apelo da consulta pública “ na procura de um novo espaço para a feira de Santiago, começaria por considerar:
1 – Não servirá esta “consulta” para legitimar uma qualquer decisão tomada ou a tomar que não terá nada a ver com o “resultado” da consulta? Não estou a contribuir para legitimar o tal plano que inclina sempre para o lado mais fácil?
2 – Não seria mais razoável, e mais apelativo pedir aos cidadãos que se pronunciem sobre 3 ou 4 hipóteses?
3 – Não seria melhor previamente sabermos quais os vectores condicionantes desta decisão? Por exemplo, quanto se pode investir na preparação de um novo local?
Apesar das desconfianças que se podem adivinhar nestes considerandos, a minha ingenuidade bate mais forte e aqui vai:
Duma forma resumida, os meus pressupostos para o local:
Boa acessibilidade
Facilidade de organizar uma rede de transportes públicos rápidos, facilidade de complementar e articular modos de transporte (acesso a pé), vários acessos alternativos de automóvel, parques de estacionamento fora do recinto da feira, separação entre carros e pessoas. Enfim, uma boa percepção de proximidade dos cidadãos.
Este local deve fazer parte do espaço urbano durante todo o ano. Durante o processo de escolha e preparação do local a cidade aproprie-se deste espaço, familiariza-se com ele, aprende a conhecê-lo a vivê-lo em permanência. Não pode ser um local feio, longe, fora, marginal
Dever-se-á aproveitar a oportunidade para reabilitar um espaço urbano, rentabilizando o investimento, criando aí novas funções urbanas que a cidade carece. Este espaço deverá ainda funcionar como uma nova centralidade no tecido urbano – O Grande Parque de Diversões de Santiago.
A Feira não deverá impedir o normal funcionamento da cidade. É sempre um serviço complementar com os já existentes. (comercio, restauração, praias, etc.). As actividades económicas da Feira não devem funcionar por subtracção em relação ao comércio da cidade, (como funciona hoje em relação a restauração na Av. Luísa Tody), mas como efeito multiplicador em relação ao comércio local, ou seja: a Feira funciona por si mesma, atraindo feirantes e pessoas.
Um espaço esteticamente atractivo, uma área suficientemente grande que permita uma boa organização de cada evento. A Feira não pode funcionar com a actual promiscuidade entre funções. Tudo ao barulho tem sido um factor exclusivo de algumas componentes da Feira.
Uma boa envolvente natural, ambiental e como factor de coesão com fortes ligações ao Sado e à Serra. Mais do que dar um tema à Feira, ela própria apela à relação.
Infra estruturas
Uma boa rede de saneamento, de energia, uma boa gestão dos resíduos e de limpeza pública, um sistema de manutenção simples e cuidado mesmo fora do período da Feira, acesso dos bombeiros, ambulâncias, etc.
Mais haverá, mas vamos procurar sítio.
Não valerá a pena começar pelos atentados urbanísticos pretéritos e actuais que inviabilizam uma boa escolha, como inviabilizam tanta coisa. Se calhar a própria cidade!
As opções serão poucas mas…
1 – Zona envolvente ao projecto Nova Setúbal… Hã? o Quê? …Credo abrenúncio. Só me cheira a esturro, a negociata, a corrupção. Acudam-nos. Só vejo autarcas, patos bravos e futbóis (boa, boa, butes nessa!) a esfregar as mãos. Só vejo € comprados, vendidos, rendidos… Alto lá. A porra do artigo ia tão bem e tinha logo que descambar aqui!
2 – Local a desocupar pelo Estádio do Bonfim
Alargando o actual Parque do Bonfim, este local preenche e bem uma boa parte das condições exigidas. Tem uma grande centralidade, bons acessos… … Eh lá! outra vez os mesmos autarcas, futbóis, negociatas abrenúncios… …! Então esta merda não ganha jeito?! Vamos lá pôr ordem e seriedade nisto.
3 – Local da recuperação da Lixeira do Viso
Não, agora é a sério. Depois do seu encerramento, a recuperação técnica e paisagística deste espaço deve contemplar a minimização e monitorização ambiental do crime ali cometido. Veja-se por exemplo a recuperação dos aterros da Valorsul, alguns ocupados posteriormente com a envolvência do Parque Expo. Aqui, este aproveitamento, como um Grande Parque Multifuncional de Setúbal devolveria à cidade este espaço e contribuiria para uma nova centralidade da cidade e do Bairro do Viso, ainda tão marginalizado.
Aqui se poderiam desenvolver um grande leque de actividades ao longo do ano desde concertos e festas, actividades de BTT, skate ou a simples vivência dum passeio, duma bica, dum almoço, dum lanche ou dum pic-nic tão próximo da Arrábida e da Cidade
Um bom projecto de recuperação deste espaço, a sua envolvência natural, a sua dimensão geográfica são atributos que ajudariam a minimizar os efeitos de outras variáveis menos favorecidas como eventuais dificuldades nas acessibilidades, mas que de uma forma geral podem ser planificadas de forma a corresponder aos pressupostos exigidos.
2 – Quinta/Parque de S. Paulo
Por aquilo que já apontei, também seria uma hipótese. É mais “distante”, eventualmente existirão outros projectos mais nobres (Eh!… arreda lá pato bravo!). Tem a vantagem de já ser um espaço apreendido e vivido pela cidade.
Outras hipóteses haverão. A estes outros pressupostos se podem juntar. Mas por favor escolham bem, e acima de tudo, depois de encontrarem um local não “amandem” para lá a Feira de qualquer maneira. Temos um ano e já não é muito! Estou muito agradecido ao Mata não ter mexido. Nesta cidade, muitas vezes, não fazer nada já ajuda muito. (Eh! espera lá. Eu não me referia aos últimos oito meses)
Mexam-se, por favor Mexam-se!