Trabalhadores da Petrogal chegam a acordo
com a administração
A greve dos trabalhadores da refinaria da Petrogal de Sines, agendada para ontem e hoje, foi desconvocada, já no decorrer desta semana, uma vez que os trabalhadores e a administração da empresa chegaram a um acordo, que José Rosado, da federação de sindicatos Fequimetal, interpreta como “um recuo na posição da administração da empresa, face às reivindicações dos trabalhadores”. Os funcionários da Petrogal encontravam-se neste clima de discordância com a empresa há vários meses. Em causa estavam discriminações na atribuição de prémios, desajustes salariais entre trabalhadores da mesma categoria e o actual modelo de reestruturação da segurança na empresa.
Os trabalhadores reconhecem que a plataforma de acordo a que chegaram com a empresa “é um claro sinal de que a empresa acabou por reconhecer que os trabalhadores tinham razão” nas suas reivindicações de que “a diferença de salários entre funcionários inseridos na mesma categoria era, por vezes muito grande”, diz José Rosado. A administração afirma que não recuou perante tais reivindicações e que já algum tempo que está a tentar solucionar o problema “implementando uma solução, que a médio prazo, vai fazer com que as remunerações sejam o mais equilibradas possível”, afirma Maria José Esteves, directora do departamento de relações laborais da Petrogal.
Nesta plataforma de acordo está também patente um aumento salarial para todos os funcionários das refinarias, independentemente da categoria em que se inserem e que “se traduz em cerca de mais 35 euros todos os meses, o que não é mau”, acrescenta José Rosado. Quando ao aumento gradual nos salários para os tornar o mais equilibrados possível, o sindicalista salienta que “os trabalhadores estão satisfeitos com o acordo e esperam que a situação seja resolvida o mais breve possível”.
Maria José Esteves adianta também que este acordo com os trabalhadores terá a segunda fase negocial em Setembro próximo, onde vai ser discutida a participação dos trabalhadores na implementação de modificações na Segurança Industrial das Refinarias, pois “ficou estabelecido que a Petrogal não tomaria quaisquer decisões neste sentido sem antes consultar os funcionários”.
Em relação ao processo que corre em tribunal, instaurado pelos trabalhadores contra a empresa, acusando-a de ter feito descontos ilegais, em Maio de 2000, Maria José Esteves garante que “vai ser resolvido em mútuo acordo, pois ambas as partes consideram que esta situação não tem razão de ser”, pois “a empresa limitou-se a adiar o pagamento de prémios”, devido à greve efectuada pelos trabalhadores na altura e que “provocou um prejuízo de vários milhões de contos”.