[ Dia 27-09-2002 ] – Trabalhadoras da Vestus terminam vigília de três meses.

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Trabalhadoras da Vestus terminam vigília de três meses

As ex-funcionárias da empresa Vestus iniciaram uma nova etapa na luta pelo direito ao pagamento do fundo salarial, anunciou ontem Odete Mil Homens, ex-funcionária, quando as trabalhadoras terminaram a vigília permanente, 24 sobre 24 horas em frente às instalações da fábrica e que durava há já mais de três meses. As trabalhadoras “não terminam aqui a sua luta”, pois tencionam continuar “atentas”, por isso anunciaram a intenção de criar a Associação de Solidariedade com as Vítimas de Falências Fraudulentas.

Depois de três meses debaixo do “Sobreiro 19”, as trabalhadoras da Vestus decidiram continuar a lutar pelo direito à indemnização e pagamento de salários em atraso, através de novas formas. Para isso, e atentas ao que tem vindo a acontecer noutras fábricas têxteis no distrito de Setúbal, vão constituir a Associação de Solidariedade com as Vítimas de Falências Fraudulentas e que vai ter como nome “Sobreiro 19”. Odete Mil Homens explica que “esta associação tem como objectivo principal apoiar e informar todos os trabalhadores vítimas de falências fraudulentas”. O nome desta associação evoca o sobreiro, debaixo do qual permaneceram três meses, em frente à Vestus e o número dezanove, que remete para o número de pessoas que iniciou a vigília permanente.

A par deste objectivo a “Sobreiro 19” vai também “lutar pela desburocratização dos processos de falências, com o objectivo de garantir a defesa dos direitos dos trabalhadores”, nomeadamente para que “a actuação dos tribunais possa ser mais rápida e criminalize os responsáveis pelas falências fraudulentas”, diz a ex-funcionária.

As trabalhadoras estão também a recolher assinaturas numa petição que será entregue à Assembleia da República com o objectivo de propor “a discussão sobre a actual legislação, no que respeita quer à acção dos tribunais, quer à aplicação do Fundo de Garantia Salarial, e que conta já com cerca de cinco mil assinaturas”, revela Odete Mil Homens. Em outras acções, as ex-funcionárias reuniram já com todos os grupos parlamentares, “que se colocaram desde logo ao dispor e em prol dos direitos das trabalhadoras”, diz a ex-trabalhadora, e têm agendado um encontro com a Governadora Civil do distrito de Setúbal.

Relativamente ao processo de falência da Vestus, que se encontra a decorrer no Tribunal do Comércio, as trabalhadoras aguardam por respostas e consideram “no mínimo estranho que o proprietário, Erik Larson, tenha surgido, já no decorrer do processo, como um dos credores da Vestus”. Odete Mil Homens afirma que o referido proprietário, “antevendo o processo de falência, criou uma empresa fictícia dentro das próprias instalações da Vestus e por isso, tornou-se um credor dele próprio”. seta-2052944