[ Dia 25-11-2002 ] – PS Montijo retira confiança à vereadora Honorina.

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PS Montijo retira confiança à vereadora Honorina

A concelhia do Partido Socialista do Montijo retirou a confiança politica à vereadora Honorina Silvestre, uma decisão que vem no seguimento da retirada de competências e confiança politica por parte da presidente da Câmara do Montijo. Segundo a própria vereadora a retirada de poderes ficou a dever-se a “uma vingança pessoal”, por ter anunciado publicamente, durante a mesma semana, “uma queixa-crime por difamação contra José Bastos”, presidente da concelhia do PS.   

Supostamente tudo começou quando a vereadora aceitou um cargo de secretária da mesa de assembleia da Santa Casa da Misericórdia de Canha, que na altura havia já começado a construir um lar, sem ter licença e sem ter a posse do terreno, uma vez que o seu proprietário é o Estado. No entanto, as desavenças entre o PS e a vereadora começaram, segundo José Bastos, “quando a presidente da autarquia não ter atribuído o pelouro do urbanismo a Honorina Silvestre”. Pelouro já ocupado por esta vereadora no mandato anterior e “que desejava manter”.

A construção do lar em Canha apresenta contornos “pouco claros” pois, de acordo com José Bastos, “os números não batem certo”, já que a obra está contemplada no PIDDAC pelo valor de 97 mil e 500 contos e foi adjudicada por 506 mil contos. O Instituto de Gestão de Segurança Social de Setúbal comprometeu-se, segundo o presidente da concelhia do Montijo, a pagar 255 mil contos, pelo que falta saber “quem pagará esta diferença”.

Independentemente da verba em falta, José Bastos afirma que esta “é uma obra ilegal por se encontrar num terreno classificado como reserva agrícola”. Assim, para que a obra seja legalizada teria que haver uma “alteração ou uma suspensão do Plano Director Municipal”, explica. Todas estas razões levaram a presidente da Câmara do Montijo, Maria Amélia Antunes, a embargar a obra. Mas a Santa Casa da Misericórdia recorreu e o Tribunal Administrativo teve uma leitura diferente do assunto e “mandou avançar a obra”, conta José Bastos.

A retirada de poderes a Honorina Silvestre parece ter começado por aqui, mas a vereadora afirma que quando tomou o passo de entrar para os corpos dirigentes da Santa Casa da Misericórdia “a obra já havia começado” e que quando se encontrava a dirigir o pelouro do urbanismo nunca licenciou a obra. Homorina Silvestre garante que “não há qualquer incompatibilidade politica em assumir este cargo” e afirma que está a ser “vítima de perseguição politica por José Bastos”. O objectivo do presidente da concelhia do Partido Socialista é, segundo Honorina Silvestre, “conseguir dar mais poder a um familiar que tem a trabalhar na Câmara”.

 A votação que levou a concelhia do PS a retirar a confiança politica à vereadora mostrou, de acordo com Honorina Silvestre que “já há 12 pessoas que não confiam na presidente da Câmara”. Dos 34 votos, 22 foram a favor da retirada de confiança politica à vereadora, 11 contra e houve uma abstenção. Apesar da maioria ter votado a favor da retirada de confiança politica, Honorina Silvestre garante que vai continuar como vereadora do PS.

Para além do cargo de vereadora, continua para já como membro do secretariado da Federação Distrital de Setúbal do partido pois, de acordo com Alberto Antunes, presidente da federação, Honorina Silvestre “continua a merecer a consideração da federação”, uma vez que, tem sido um “elemento bastante activo” e que, “quando se encarrega das tarefas tem-se saído muito bem”. A federação aguarda, agora, pela chegada de informação, que foi pedida à concelhia do PS e à presidente da autarquia, para depois poderem “analisar a questão”. O presidente da federação adianta que não faz juízos de valor sem a acta da reunião de Sábado passado, mas acrescenta que “só por factos muito graves esta situação poderia ter acontecido” e que espera que “não tenha havido precipitações”seta-4791172