O Santuário de Almada vive “dias difíceis”. A expressão é utilizada pelo próprio reitor do Cristo Rei para definir o presente. Para o futuro há a ideia de construir um hotel e um restaurante. O projecto, a apresentar à Câmara de Almada para licenciamento, deve estar pronto no fim do ano.
A completar um mês como novo reitor do Cristo Rei, o padre Sezinando Alberto reconhece que recebeu um herança pesada para dar corpo a uma difícil missão, a viabilização económica do monumento religioso. Para atrair mais peregrinos e também turistas para o Santuário, explica, “é preciso criar condições de estadia e repouso, como um hotel, um restaurante e um parque de merendas”. Para financiar as obras o pároco, de 32 anos, pretende procurar “uma parceria com algumas empresas de construção civil ou multinacionais ligadas ao turismo, oferecendo a exploração do espaço num regime de concessão, semelhante ao que existe entre a Lusoponte e o Estado na Ponte Vasco da Gama”. Senso assim, até ao fim do ano, vai ser criado um grupo de trabalho para dar forma ao projecto, que será depois submetido à aprovação da autarquia. Em declarações ao “Setúbal na Rede” Sezinando Alberto garante que “há vontade de colaboração por parte da Câmara de Almada” até porque, sublinha, “estas obras estão previstas já há muito tempo, mas nunca houve condições para as realizar”.
Em funções desde o dia 1 de Janeiro, por designação do Bispo de Setúbal, o novo reitor revela que tem “um problema de fundo grave para resolver, a situação financeira do Santuário”. As obras de manutenção do monumento, realizadas há quase dois anos, ainda não estão pagas, ou seja, “existe um milhão e meio de Euros em atraso, que a publicidade não cobriu, contrariamente à expectativa criada”. Para saldar as contas, Sezinando Alberto vai avançar com um peditório nacional, a decidir na próxima reunião de bispos em Abril. O jovem padre acredita que “tal como contribuíram para a construção do Santuário há quase 50 anos, os católicos vão também ajudar o Cristo Rei a sair da crise financeira”.
Os donativos, o elevador, as lojas de artigos religiosos e as cafetarias constituem as principais fontes de receitas do espaço, que emprega a tempo inteiro 15 pessoas. Sezinando Alberto explica que “de ano para ano o número de visitantes do Cristo Rei tem vindo a diminuir”, logo as receitas também são mais pequenas. O ano passado subiram ao topo da estátua 116 mil pessoas.
O novo responsável do Santuário de Almada pretende também afirmar a dimensão espiritual do monumento. “O objectivo é fazer do espaço um local de culto religioso e não apenas um miradouro sobre Lisboa”, explica. O próprio pedestal, exemplifica, “precisa de ganhar elementos religiosos, de acordo com um projecto arquitectónico” que está já encomendado. Sezinando Alberto pretende inscrever o Cristo Rei na rota do turismo religioso, que vem ganhando cada vez mais adeptos em Portugal, reafirmando o símbolo da paz associado à imagem do Cristo Redentor, feito à semelhança da estátua brasileira. O Santuário português foi mandado construir pelo Cardeal Cerejeira, em 1942, na sequência de uma reunião dos bispos católicos em Fátima, como forma de agradecimento, se o nosso país não viesse a entrar na II Guerra Mundial. O monumento foi inaugurado a 17 de Maio de 1959.