• 04-04-2003 • |
ASSENTO PARLAMENTAR |
Fórum Social Português
Tudo começou em Seattle, em Novembro de 1999.
O mundo assistia a algo impensável desde a queda do muro de Berlim.
Milhares de pessoas manifestavam-se contra uma globalização que impõe aos povos e às pessoas a destruição dos seus direitos mais elementares.
Uma globalização que, assente no neoliberalismo, mercantiliza os corpos e o pensamento, destrói forças produtivas e o meio ambiente, fabrica a guerra como palco do domínio dos mais fortes.
O certo é que depois de Seattle veio Davos e Barcelona. Praga e Nice. Génova e Sevilha. Florença e Porto Alegre. Veio a Marcha Mundial de Mulheres no ano 2000, rede feminista internacional que mobilizou milhares de mulheres contra a pobreza e a violência.
E o caudal do movimento dos movimentos tem vindo a crescer. Cada vez mais e mais pessoas nas ruas. Em especial jovens. Nos Fóruns Mundiais em Porto Alegre em 2001, 2002 e 2003. No Fórum Europeu de Florença em 2002. E, para além dos protestos, surgem os debates em momentos privilegiados de encontro que são os Fóruns Sociais.
Um outro mundo é possível afirma-se.
Começa-se a forjar uma cultura de resistência num movimento plural e heterogéneo contra os efeitos perversos do neoliberalismo e contra a lógica do sistema que lhe está na origem.
No quadro de uma política cada vez mais militarizada, onde a guerra surge como a ameaça a qualquer povo que não se submeta ao ditame neoliberal dos senhores do mundo, os milhões de pessoas que se têm manifestado pela paz, contra a Guerra ao Iraque são a expressão inequívoca de que algo está a mudar. Vivemos um novo momento histórico. Precisamos de estar à altura deste momento.
Em Portugal procura-se também criar um espaço aberto de reflexão e intervenção que junte pessoas, associações, entidades, que se reconheçam na Carta de Princípios do Fórum Social Mundial, de Porto Alegre.
A 21 de Setembro de 2002 um conjunto de organizações e movimentos reuniram em Coimbra e elaboraram um compromisso escrito – a Declaração de Coimbra, de convocação do Fórum Social Português, onde se pode ler: “Este espaço não pretende representar o conjunto da sociedade portuguesa, mas amplificar a voz das muitas que condenam as políticas económicas, sociais e culturais do neoliberalismo, a guerra, o sexismo, o racismo, a homofobia, a xenofobia, a pobreza, a exclusão social e a injustiça….. A nossa legitimidade, bem como da iniciativa que hoje anunciamos, é a que decorre da vontade de, em conjunto, procurarmos imaginar um país que contribua para a ideia de que um outro mundo é possível. É esta força que – de Seattle a Génova e de Porto Alegre a Florença – mobiliza vontades em todo o planeta. É esta a razão que partilhamos e faremos crescer em Portugal”.
A preparação do Fórum está a ser feita através de plenários onde poderão participar pessoas e organizações. Estão previstos dois plenários: 12 ou 13 de Abril, em Évora e 17 de Maio em Almada..
É importante que o FSP se amplie a muito mais organizações. Para aderirem as organizações devem entrar no site: www.forumsocialportugues.net. Aqui se poderão encontrar informações sempre actualizadas. Diversas associações têm vindo a propor temas de debate para o Fórum que serão inseridos em 3 eixos:
- Democracia, Cidadania, Direitos e Serviços Públicos
- Trabalho, Economia, Globalização e Desenvolvimento Sustentável.
- Defesa e promoção da paz, da solidariedade e luta contra a guerra.
Em cada um destes eixos existirão três ou quatro Conferências, cujos temas estão neste momento a ser discutidos no grupo de Programa, que irá ultimar uma proposta a ser discutida e aprovada no Plenário de Évora.
Cada associação que tenha aderido ao Fórum pode dinamizar oficinas e propor encontros temáticos.
O Fórum Social Português não tem porta vozes, por isso este meu artigo não é feito em nome do Fórum, mas a título pessoal como participante e como pessoa, que tendo estado presente no último Fórum Social Mundial, sente o compromisso político e social de contribuir para que em Portugal, o espírito de Porto Alegre esteja presente.