CRÓNICA DE OPINIÃO
por António Jardim
(Engenheiro)
E agora?
Toda a gente, da extrema-esquerda à extrema-direita (com a evidente excepção de alguns iraquianos) concorda que Saddam é um ditador sanguinário.
Quase toda a gente acha que Saddam tem armas químicas e biológicas, embora dificilmente as vá usar para não dar razão à pseudo coligação ou por nem sequer estarem no Iraque.
Quase toda a gente discorda que esta guerra seja justa e muito menos que seja um imbecil a dirigi-la, o “Messias” dos anglo-saxónicos, com os resultados “brilhantes” que se notam.
Quase toda a gente concorda que Saddam neste momento só é um perigo para o seu próprio Povo e nunca para o Resto do Mundo. Pessoalmente tenho muito mais medo de Bush.
Nunca tive grandes dúvidas que a “velha Europa” tinha razão e a guerra, a continuar como até agora, só vai resultar em mais terrorismo global, no caos no Médio-Oriente e em atentados aos anglos em férias. Espero bem que o ódio seja só contra eles (apesar de Durão).
Vamos ser claros: Saddam vai cair; as armas de destruição maciça vão aparecer (no mínimo Scuds da Bulgária e químicas e biológicas da CIA ou da Mossad). Senão como justificar a guerra? Só espero que se esqueçam de lhes tirar as etiquetas, como Powel ao urânio.
Mas o Mundo nem por sombras vai assim ficar mais seguro.
A grande duvida (pelo menos para mim) era se os iraquianos poriam o nacionalismo e o Islão acima do seu mais que provável ódio ao regime ou não. E aparentemente o que se vê é os “libertadores” serem recebidos aos tiros e não com “flores e musica” como pensava (estupidamente) o “messias” do Texas. Na realidade, se por exemplo a Espanha fosse democrática em 1973 e invadisse Portugal com a justificação de nos livrar de Caetano qual seria a nossa reacção? Provavelmente combatíamos não pelo regime mas por nacionalismo.
E não venham com a superioridade moral! O problema agora é a convenção de Geneva para os americanos! Então Guantanamo? E que tal o “marine” a mandar “senta-te, f…..” ao desgraçado prisioneiro de guerra Iraquiano que aparentemente queria mijar ou rezar! Espero bem que isto seja o princípio do fim da hegemonia anglo-saxónica. A estupidez também devia ter limites!