• 09-04-2003 • |
À FLOR DA RELVA |
Sem surpresa
Assim como chegou, assim partiu. Diamantino Miranda deverá ter tido a passagem mais efémera, que alguém já teve como treinador do Vitória de Setúbal, onde dirigiu a equipa em seis jogos oficiais – três para a Taça de Portugal e três para a SuperLiga. Contestado à chegada, o antigo jogador e treinador dos sadinos mostrou uma dignidade impressionante na hora da partida ao reconhecer que não tinha ambiente, nem condições, para continuar no estádio do Bonfim, já que a contestação não diminuiu, bem pelo contrário.
Com esta atitude nobre deu uma “chapada de luva branca” aqueles que durante cerca de mês e meio nunca lhe facilitaram a vida, nem lhe criaram condições para trabalhar com paz e tranquilidade. Mostrou também que há alturas em que a atitude mais certa é não contrariar a maioria. Mas, sobretudo, mostrou gostar do clube como ninguém, ao contrário dos muitos que o contestaram, já que lhe era muito mais fácil dizer que o trabalho só tinha começado e que, por isso, não saía.
Esta atitude de Diamantino Miranda veio igualmente tirar um enorme peso de cima da administração da SAD do Vitória de Setúbal, já que o ambiente estava de tal forma pesado que ou o treinador saía, ou mais tarde ou mais cedo acabaria por ser despedido já que parece evidente que se tratou de um enorme erro de casting cometido por Jorge Goes e alguns dos seus pares. A contestação que existe e aquela que estava a ser preparada para o jogo com a Académica não deixava margem de manobra a ninguém, nem ao treinador nem aos dirigentes. E assim quem vier a seguir sempre poderá começar a preparar o decisivo jogo com os estudantes, com alguma calma, e sobretudo com a paz de espírito que o anterior técnico nunca teve. Até porque, depois dos resultado do último fim de semana, ao contrário do que se esperava, a manutenção até pode muito bem ser uma realidade.
Cinco treinadores depois – Carlos Cardoso, Rui Águas, Jorge Jesus, Luís Campos e Diamantino Miranda – aquilo que se pede à administração da SAD do Vitória de Setúbal e, principalmente, ao director-desportivo Quinito, é que escolha bem. Os sócios e adeptos do clube não querem que se repitam erros anteriores e por isso, se calhar, é melhor esperar um pouco antes de se tomar uma decisão definitiva. Pesar todos os prós e contras antes de se embarcar em mais alguma aventura que tenha um final já conhecido é aquilo que agora se exige.