• 26-05-2003 • |
ASSENTO PARLAMENTAR |
A “Gestão” é só para Grandes Empresas?
Uma organização é um sistema com objectivos próprios e parte de um sistema sócio económico mais vasto em que se integra e com quem comunica, interagindo com outros sistemas. Esta interacção produz dois tipos de fluxos: os de consumo (trabalho e dinheiro) e os que tornam o consumo possível (ordenados e bens e serviços); eles permitem-nos concluir sobre a função das organizações na sociedade – Criar e distribuir riqueza.
O elemento charneira entre estes vários sistemas são as pessoas, os “famosos” Recursos Humanos, visto que circulam entre os sistemas, alternando constantemente de papel. Aliás este nome deriva de uma evolução interessante, antigamente falava-se de “pessoal” e hoje em dia de “Recursos Humanos”; a mudança de nome é uma mudança de perspectiva e de práticas. A concepção tradicional de pessoal como uma parte dos custos que é necessário minimizar dá lugar à concepção do pessoal como um recurso que é necessário optimizar, evoluindo para uma gestão qualitativa dos Recursos Humanos.
A gestão das competências passa a ser uma componente da gestão dos recursos tecnológicos – é o reflexo da consciencialização crescente sobre a forte ligação entre o económico e o social, trata-se de investir na competência para aumentar a competitividade.
Normalmente associa-se a ideia de boa gestão – e mesmo o conceito em si – a grandes grupos económicos com vastos recursos financeiros que lhes permitem fazer estudos e projecções financeiras sofisticadas.
As PME, (pequenas e médias empresas) que predominam no tecido empresarial português, normalmente não reúnem este tipo de recursos mas ainda assim podem desenvolver uma atitude estratégica, em que a gestão tenha em conta as oportunidades e ameaças que o ambiente encerra e as forças e fraquezas da organização na definição do seu rumo A flexibilidade das PME inerente ao seu tamanho e menores recursos pode constituir-se uma vantagem, já que nomeadamente:
É maior a sensação de vulnerabilidade face ao contexto, favorecendo uma atitude mais humilde e de atenção sistemática à sua evolução e consequentes implicações para a Organização.
Tende a ser pequena a diversificação de produtos e/ou mercados o que agiliza a reacção
Existe um grande grau de “proximidade” em relação aos clientes, e consequentemente maior sensibilidade à evolução das suas necessidades
É mais simples a interacção pessoal necessária ao processo de decisão – baixo nível de complicação burocrática
Uma PME bem orientada pode ser extremamente competitiva, o importante é dotá-la de RH qualificados e motivados, uma estratégia clara e boa organização interna.