[ Dia 28-05-2003 ] – À FLOR DA RELVA por Paulo Sérgio.

O futebol tem coisas por vezes inexplicáveis. Já despromovido à Segunda Liga, o Vitória de Setúbal foi a Alvalade bater o Sporting por 4-3 e mais do que isso realizar uma boa exibição, à semelhança do que fez em muitos jogos da Super liga. Quando se olha para a classificação somos tentados a chegar a duas conclusões: se não fossem alguns erros de arbitragem a manutenção teria sido obtida sem dificuldades.

Os sadinos teriam agora 40 pontos o que daria para estar a meio da tabela. Por outro lado, mesmo com esses erros dos árbitros, se o Vitória tivesse ganho dois dos últimos jogos que realizou em casa teria, pelo menos, mais seis pontos, e só dependeria de si próprio para ficar na Super liga. O problema é que esta é uma visão demasiado simplista para explicar uma época esquisita de uma equipa que praticou quase sempre bom futebol, mas que raramente conseguiu segurar vantagens. Que me recorde foi assim com o Sporting de Braga, Varzim, Benfica e Sporting, no estádio do Bonfim. E com o Nacional da Madeira e Beira Mar fora. Quando as coisas se passam desta forma o desfecho não pode ser muito diferente daquele que vai acontecer no domingo.

Por causa da descida de divisão, o Vitória de Setúbal vai viver nas próximas semanas um período de campanha eleitoral. Jorge Goes recandidata-se. Júlio Adrião, um ex-dirigente do clube, é o promotor de uma lista que promete fazer regressar ao clube alguns nomes de peso. Tal como aqui tinha escrito na semana passada, a cidade e principalmente o Vitória só têm a ganhar com este debate de ideias. E se esse combate for de qualidade, como as duas listas prometem, tanto melhor.

No entanto, e pela entrevista que na semana passada deu ao jornal “O Setubalense”, Júlio Adrião não me parece ter começado bem esta troca de ideias já que ao afirmar que uma das prioridades da sua lista vai ser a de impedir a demolição do estádio do Bonfim desenterrou um morto que para mim e não só, já estava mais que enterrado. A mudança para o novo complexo desportivo é uma situação irreversível. O actual estádio está obsoleto e é já uma fonte de receitas para o clube. Facto que estou em crer é do conhecimento de todos. Querer recuar, nesta fase, é algo quase impossível a menos que os autores da ideia estejam disponíveis para desfazer um negócio com as enormes consequências jurídicas e não só, que isso trará.