José Reis promete oposição interna no PS do Seixal
José Reis, presidente da concelhia socialista do Seixal, derrotado nas eleições do passado sábado, acusa o candidato vencedor, Costa Velho, de ter apresentado propostas desonestas durante a fase de elaboração das listas e promete fazer tudo para que o novo responsável concelhio do partido não seja cabeça de lista às próximas eleições autárquicas.
O ex-deputado, José Reis, que no decorrer das eleições fez silêncio sobre estas questões afirma agora que “o partido merecia uma forma mais rigorosa e honesta de fazer as coisas”. O candidato derrotado explica que Costa Velho lhe propôs que liderasse uma lista onde não teria voz na escolha dos restantes nomes, o que para José Reis foi “considerado como uma ofensa”. Ao recusar tal proposta, foi-lhe ainda pedido que “avisasse com antecedência se seria ou não candidato” à concelhia, pelo que se “sente enganado e traído” por Costa Velho.
Costa Velho defende que o objectivo era apenas o de conseguir uma lista de unidade no partido e garante que “a campanha decorreu com as picardias habituais”, que de acordo com o novo presidente “constituem parte da discussão normal de uma campanha esclarecida”. Por outro lado, José Reis, considera que “o processo se desenrolou sobre afronta, o que gera conflitos dentro do partido”.
José Reis perdeu a corrida à concelhia do Partido Socialista do Seixal conquistando 12 mandatos para a comissão política e Costa Velho é agora o presidente da concelhia socialista contando com 21 mandatos. No entanto, José Reis não prevê uma “vida fácil para quem ganhou”, já que “não existe maioria da lista vencedora”, acreditando numa oposição interna forte.
Costa Velho não vê a situação dessa forma e “não crê que se faça oposição interna”, defendendo que a comissão tem todas as condições para “poder fazer um bom trabalho”. Contudo, afirma que “não é candidato” a presidente da autarquia, e pretende um “candidato forte, que queira mudar alguma coisa no concelho” do Seixal.
O objectivo de Costa Velho é conquistar a presidência da câmara em 2005 e garante que a escolha do candidato será decidida de encontro com o consenso de toda a comissão política cumprindo critérios de ser um bom quadro no partido e, no ponto de vista de Costa Velho, José Reis “não apresenta o perfil que o vereador entende que o candidato deve ter”, pois falta-lhe sobretudo “espírito de combate”.
O novo presidente da concelhia quer, em conjunto com a comissão, alterar o que classifica como “estado de sítio” da autarquia do Seixal e resolver as “questões de endividamento e de uma quase falência técnica”, assumindo total “preparação para protagonizar essa mudança”.
José Reis mostra-se disponível para concorrer à presidência da autarquia, considerando fazê-lo em resposta ao desafio de Maria Amélia Antunes, lançado no congresso da distrital socialista, em que a presidente apelava a listas mais fortes para o Seixal. Apesar de não fazer disso uma “questão imprescindível” e de não estar “muito empenhado” na situação, o militante socialista refere que “fará tudo o que estiver ao seu alcance para que o agora presidente da concelhia não seja candidato pelo PS às autárquicas”. Considera que, quando chegar a altura se discutirá a questão, mas está convicto de “quem quer e quem não quer à frente do partido”, pelo que “lutará pelas suas ideias”.
Quando confrontado com as declarações de José Reis, o vereador Costa Velho afirma que “são disparates”, fruto do “sintoma de trauma por ter perdido” a recente corrida à comissão política e diz lamentar o facto de o ex-deputado “não aceitar os resultados obtidos democraticamente”. Por isso, espera agora que as relações melhorem e que José Reis o ajude na missão de conquistar a autarquia em 2005, afirmando que tem “condições para fazer um bom trabalho”.
No entanto, José Reis reúne hoje, em Miratejo, a sua lista de oposição, para delinear uma estratégia para o futuro do partido, já que afirma não querer “deixar o partido nas mãos de Costa Velho”.