[ Dia 04-08-2003 ] – Incêndios devastam milhares de hectares no distrito de Setúbal.

0
Rate this post

Incêndios devastam milhares de hectares
no distrito de Setúbal

Cerca de 300 bombeiros e cem viaturas estiveram este fim-de-semana no combate a 16 incêndios que deflagraram no distrito de Setúbal, nomeadamente em Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines. As áreas afectadas são nalguns casos de grandes dimensões, em especial em Grândola (Santa Margarida e São Francisco da Serra), Alcácer do Sal (Montalvo, Barrancão e Santa Susana) e Santiago do Cacém (Serra do Cercal e Cruz de João Mendes). Devido à “proliferação e simultaneidade de incêndios de grandes proporções, dos quais resultaram lamentavelmente perdas de vidas humanas e prejuízos materiais elevados”, como pode ler-se no comunicado do Conselho de Ministros, o Governo, declarou segunda-feira “situação de calamidade pública” para vários distritos do país, incluindo Setúbal.  

O incêndio de maiores proporções, e que terá queimado uma área de mais de 5 mil hectares, com sobreiros, eucaliptos, pinheiros e terrenos de cortiça, está ainda a atingir a Serra de Grândola, na zona do Canal Caveira, onde a acção dos bombeiros é dificultada pelo vento – que sopra forte – e condições do terreno adversas. Este incêndio está em fase de rescaldo, mas tem ainda “três colunas grandes e alguns pequenos fogos que vão reacendendo”, disse ao “Setúbal na Rede”, a presidente da Junta de Freguesia de Grândola, Josélia Espada.

“São muitos milhares de euros de prejuízos, e vai levar muitos anos a recuperar toda a vegetação ardida”, refere Josélia Espada, que salienta o facto de “felizmente, o fogo não ter atingido habitações, nem ter provocado vítimas”. As chamas estiveram muitas vezes perto de aldeias e habitações, mas o que ardeu foi apenas “mata e vários terrenos de cortiça, que eram o sustento de vários produtores da região”, disse a autarca. Quanto às causas do incêndio, Josélia Espada salienta que ainda não foram averiguadas, mas tudo aponta que tenha resultado das condições climatéricas que se verificaram naquela zona, no Sábado de manhã, nomeadamente as fortes trovoadas e “os relâmpagos que terão caído sobre a mata”. Setenta e sete bombeiros e vinte e seis viaturas de dezasseis corporações de bombeiros do distrito de Setúbal estão envolvidos no combate a este incêndio.

Outro incêndio que ainda é motivo de preocupação para os bombeiros é o que lavra na Serra do Cercal, em Santiago do Cacém, e está em fase de rescaldo demorada, também devido aos fortes ventos que se fazem sentir na região. De acordo com o presidente da Junta de Freguesia de São Francisco da Serra, João Candeias, “este incêndio devastou vários hectares de mata e também muitos terrenos de cortiça”, causando também a morte de vários animais, o que se traduz em elevados prejuízos para várias famílias e produtores da região. “Chegou a temer-se o pior”, refere João Candeias, pois as chamas estiveram muito perto da aldeia de Cruz de João Mendes, colocando em risco várias casas, mas apenas ardeu uma habitação.

Os dois incêndios que deflagraram no Sábado, em Alcácer do Sal, em Barrancão e Montalvo, estão em fase de rescaldo, bem como o fogo de Cabeça de Cabra, em Sines. Esta situação preocupante levou o Governo Civil do Distrito de Setúbal a convocar uma reunião, no domingo, com todos os presidentes de Câmaras Municipais, responsáveis pelos Serviços Municipalizado de Protecção Civil dos concelhos afectados, Comandantes das Corporações de Bombeiros locais e Comandante das Forças de Segurança. Neste encontro foi feito o ponto de situação dos vários incêndios e dadas instruções para o levantamento das situações mais gravosas e que implicaram a destruição de habitações ou instalações rurais, rede de telefone e rede eléctrica, entre outros.

Entretanto, o Conselho de Ministros reunido extraordinariamente esta segunda-feira, resolveu, declarar a situação de calamidade pública, “decorrente dos incêndios verificados desde 20 de Julho de 2003, em circunstâncias excepcionalmente gravosas, na área dos distritos de Guarda, Castelo Branco, Santarém, Portalegre, Leiria e Setúbal”. Deste modo, o governo vai disponibilizar de imediato de 50 milhões de Euros, “de dotação provisional do Ministério das Finanças para fazer face aos encargos decorrentes das medidas e apoios” previstos para estes distritos.

Uma má notícia para os bombeiros e todas as pessoas que estão a combater os vários incêndios em todo o país, é que as temperaturas vão voltar a subir na quarta-feira e manter-se altas até sexta-feira o que, com a baixa humidade e continuação dos ventos leste, pode favorecer a eclosão de incêndios e dificulta o seu combate. seta-6858710