Portucel satisfeita com alteração do PDM
A Portucel considera que foi dado “um passo importante” no processo de construção da nova fábrica de papel, com a decisão da Câmara Municipal de Setúbal de proceder à suspensão parcial do Plano Director Municipal. Ângelo Loureiro, da administração da Portucel, disse ao “Setúbal na Rede” que esta decisão vai permitir que o Ministério do Ambiente “elabore, finalmente, o despacho do estudo de impacte ambiental”, que depois de aprovado, vai permitir que a empresa avance com uma unidade industrial que vai ter uma “importância fundamental para o desenvolvimento económico da região”, e que deverá começar a trabalhar no final de 2005.
Os terrenos onde a Portucel pretende instalar a nova unidade de fabricação de papel, estão inseridos em áreas classificadas pelo PDM como Espaço Verde de Protecção e Enquadramento e Espaço Cultural e Natural, inserido na área da RNES. Num desses terrenos, inserido na área de RNES, a Portucel tem já instalado um parque de madeiras, o qual será ocupado, com a construção da nova fábrica, com um espaço de pavimentação e parqueamento. Para que o Ministério do Ambiente permitisse o avanço do projecto, a Câmara Municipal de Setúbal teve de suspender algumas partes constantes do PDM para que estas áreas deixassem de ser classificadas como tal e pudessem ser ocupadas pela nova fábrica.
Agora é preciso que o estudo de impacte ambiental seja aprovado, e sobre esta matéria, Ângelo Loureiro garante que, ao contrário do que foi dito pela Quercus, a nova fábrica de papel da Portucel “não vai ocupar a Rede Natura 2000, apenas uma pequena parcela da RNES”. Para além disso, “vai contribuir para uma redução significativa da emissão de gases para a atmosfera”, com a entrada em funcionamento, juntamente com a nova fábrica, de uma central de co-geração que vai produzir vapor e energia a partir de gás natural, substituindo a central de fuel, e que vai permitir também à empresa exportar energia para a rede.
Em termos ambientais, Ângelo Loureiro garante ainda que a nova fábrica “não vai prejudicar a Reserva Natural do Estuário do Sado”, e vai desenvolver esforços para preservar a área de esteiros que está localizada mais a norte. Outra garantia dada por Ângelo Loureiro é a de que não haverá mais consumo de água do que aquela que já é consumida.
E se do ponto de vista ambiental a nova unidade “poderá até trazer benefícios” com a melhoria significativa da emissão de gases para a atmosfera, do ponto de vista económico e social, “as vantagens são notórias”, refere Ângelo Loureiro. A perspectiva é de que se possam criar 300 postos de trabalho directos, mais um número indefinido de postos de trabalho indirectos. “Vai ser também uma fonte geradora de receitas no local”, refere Ângelo Loureiro, permitindo a execução de trabalhos por parte de outras empresas locais, trazendo assim “um maior valor acrescentado ao concelho de Setúbal”.
Actualmente, a fábrica de Setúbal da Portucel produz cerca de 480 mil toneladas de pasta por ano, e cerca de 250 mil toneladas de papel. A construção da nova unidade de fabricação na área da Mitrena vai permitir fabricar mais 500 mil toneladas de papel por ano, o que significa que “em vez de exportar pasta, a Portucel de Setúbal poderá também integrar a exportação de papel”. Logo que seja aprovado o estudo de impacte ambiental, a empresa pode dar início aos estudos de pré-engenharia, que podem durar cerca de 6 meses, e no final de 2005 a nova fábrica de papel da Portucel, na área da Mitrena, deverá estar pronta a arrancar.