Câmara de Setúbal pede apoio ao Exército
para prevenir incêndios
Perante o elevado número de fogos e área ardida em outras zonas do país, a Câmara Municipal de Setúbal solicitou o apoio do Exército para reforço das acções de vigilância, fixa e móvel, nas áreas florestais do concelho, nomeadamente no Parque Natural da Arrábida. A autarquia já fez o pedido formal, e está agora em diálogo com o Exército que “já garantiu a ajuda necessária, mas não decidiu ainda que ramo das Forças Armadas será destacado para Setúbal”, disse ao “Setúbal na Rede” José Luís Bucho, responsável pela Protecção Civil Municipal.
O Parque Natural da Arrábida ocupa uma área de 10.821 hectares, distribuídos por três concelhos – Palmela, Setúbal e Sesimbra –, e tem vegetação única na Europa, e até mesmo no mundo, por isso, se a vaga de incêndios que está a atingir o país chegasse à Serra da Arrábida, “seria uma perda irreparável”, refere José Luís Bucho. Deste modo, e após ter ouvido a Comissão Especializada de Fogos Florestais Municipal, a Câmara de Setúbal decidiu, “para uma maior segurança”, quer do Parque Natural da Arrábida, quer da restante área florestal do concelho, solicitar meios humanos ao Exército para reforçar a vigilância.
No Parque Natural da Arrábida, “a prevenção é feita durante todo o ano” pelos Bombeiros, pelo PNA, pela AFLOPS (Associação de Produtores Florestais da Península de Setúbal) e pela GNR, e “apesar de estar tudo a correr dentro da normalidade e de os meios serem suficientes”, salienta José Luís Bucho, a Câmara entendeu reforçar a vigilância porque, “os fogos não se combatem, previnem-se”. Depois, “há toda uma conjugação de factores”, diz José Luís Bucho, entre as quais, “a mão criminosa”, as elevadas temperaturas (que voltam a subir na quarta-feira), ventos de leste e baixa humidade, que fazem recear o pior.
O último grande incêndio registado na Serra da Arrábida aconteceu em 1991 e devastou milhares de hectares de vegetação única, uma situação que “ninguém quer voltar a presenciar”, pois os danos seriam “incalculáveis”. No entanto, José Luís Bucho está confiante no trabalho desenvolvido pelas quatro entidades que promovem a vigilância no Parque Natural da Arrábida, e “se os outros concelhos tivessem feito um trabalho semelhante, talvez se pudessem ter evitado alguns incêndios”. A Câmara Municipal de Setúbal aguarda a qualquer momento uma resposta do Exército, que “está a estabelecer contactos com outros ramos das Forças Armadas”, para tentar encontrar elementos disponíveis, “mas a ajuda já foi assegurada”, garante José Luís Bucho.
À semelhança do resto do país, também o distrito de Setúbal foi fustigado pelos incêndios no passado fim-de-semana, nos concelhos do litoral alentejano, onde ardeu cerca de oito mil hectares de floresta, nomeadamente, montado de sobro, pinheiros e eucaliptos, que representam milhares de euros de prejuízos. Até agora, o Parque Natural da Arrábida foi poupado, “e é para garantir que assim continue, que vai ser reforçada a prevenção”, refere o director do Parque Natural da Arrábida, Celso Santos, que compreende a preocupação da Protecção Civil Municipal face às condições meteorológicas que proporcionam a eclosão de incêndios.
A grande aposta do PNA é na vigilância e prevenção, com o objectivo de “preservar o mato da Serra da Arrábida, que é constituído por vegetação única”, e, de acordo com Celso Santos, “nos últimos anos o balanço é muito positivo”, pois desde o grande incêndio que ocorreu em 1991, apenas têm surgido fogos de pequenas dimensões que são rapidamente controlados. Além disso, a Serra da Arrábida é uma zona muito sensível e “todo o cuidado é pouco” na prevenção dos fogos, daí que esta seja a maior preocupação durante todo o ano.
O PNA tem Brigadas Móveis no terreno “7 dias por semana, de manhã até à noite”, que fazem a vigilância em toda a serra, com especial atenção para o alto da serra, uma zona de risco, mas que também permite ter uma maior visibilidade, para além de uma viatura de apoio que se desloca por todo o parque. Recentemente, foi também construído um depósito de água com 100 metros cúbicos, no alto da Serra, mais precisamente no Cruzamento do Pinheiro, e que é “uma boa reserva, num local onde há pouca água”. Todos estes meios fazem com que os elementos do PNA estejam “prontos para acorrer a qualquer situação de emergência”.
Também os Bombeiros Voluntários de Setúbal asseguram a vigilância nas zonas de maior risco da Serra da Arrábida, através de dois veículos motorizados que estão na serra durante todo o dia, e também de uma viatura de intervenção “que faz patrulha nas horas de maior calor”, disse ao “Setúbal na Rede”, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Setúbal, José Picoto. Apesar dos meios de vigilância que estão no terreno serem suficientes, José Picoto considera que “a prevenção nunca é demais”, sobretudo com condições favoráveis à ocorrência de incêndios.
Para evitar qualquer situação mais grave na zona protegida da Serra da Arrábida, Celso Santos e José Picoto deixam alguns conselhos e apelam ao civismo da população. Durante estes dias de temperaturas mais elevadas, “as pessoas devem evitar fazer calor”, diz Celso Santos, ter cuidado com as beatas do cigarros e evitar fazer fogo fora dos locais próprios e quando estiver muito vento.