Médicos em greve por mais três semanas
Os médicos do Hospital de S. Bernardo, em Setúbal, decidiram prolongar a greve, que está em curso desde o dia 6 de Setembro, por mais três semanas. A paralisação estava prevista terminar às 9h00 do dia 29 de Setembro, mas dado o alegado “desinteresse”, quer por parte da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, quer do Conselho de Administração do hospital, em “resolverem a situação e pagarem aos médicos o que lhes é devido”, estes profissionais de saúde decidiram, por unanimidade, em reunião plenária na quarta-feira, “endurecer a luta”, disse ao “Setúbal na Rede”, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Carlos Arroz.
Antes da greve dos médicos ter início, Carlos Arroz tinha avisado que a paralisação poderia prolongar-se por mais tempo, caso se mantivesse a “inércia da ARS e do Conselho de Administração do hospital, em resolver a situação”, ou seja, pagar os retroactivos das horas extraordinárias, entre Julho de 2000 e Dezembro de 2002, aos médicos que cumprem um horário completo de 35 horas. Como o problema continua sem solução, “apesar das várias tentativas do SIM de procurar plataformas de entendimento”, os médicos decidiram concretizar a ameaça, e assim, os utentes do Hospital de S. Bernardo vão ter de esperar mais três semanas para que a normalidade regresse à unidade hospitalar.
O secretário-geral do SIM acusa a ARS e o CA do hospital de “desinteresse e intransigência”, o que se comprova por várias tentativas falhadas de chegar a consensos com as duas instituições. Carlos Arroz recorda as duas reuniões, realizadas antes do início da greve, com o Conselho de Administração do Hospital de S. Bernardo, nas quais o CA, “escudando-se nas ‘necessárias autorizações superiores’, apesar de revelar ser possuidor do dinheiro em dívida, vem adiando o que lhe compete, agudizando o conflito”.
Outro facto que, de acordo com Carlos Arroz comprova a inércia do CA, foi a “tentativa falhada de uma aproximação resolutiva entre o secretário-geral do SIM e o presidente do CA”, na passada quarta-feira, em virtude de Alexandre Reis de Oliveira, “neste momento difícil de uma greve médica em curso, ter optado por gozar um período de férias”, refere Carlos Arroz. “Os médicos estão cansados de esperar por aquilo a que têm direito”, diz o secretário-geral do SIM, e por isso resolveram continuar a luta. No entanto, lamenta e encara com “profunda tristeza a necessidade de uma greve para a aplicação da Lei num Estado de Direito”, bem como o facto de estar a resultar em “inequívocos transtornos para os utentes de Setúbal”.
De acordo com Carlos Arroz, os serviços de consultas externas e cirurgias programadas têm estado a funcionar a “meio gás”, com centenas de consultas adiadas e cirurgias não efectuadas, para além de dezenas de doentes transferidos para outras unidades hospitalares. O secretário-geral do SIM alerta ainda para a possível rotura do Serviço de Urgência, no próximo fim-de-semana, dias 20 e 21 de Setembro, com especial relevo nas especialidades de Medicina Interna, Anestesia, Cardiologia, Obstetrícia/Ginecologia, Pediatria e Cirurgia Geral.
O “Setúbal na Rede” tentou contactar o Conselho de Administração do Hospital de S. Bernardo, mas até ao momento não foi possível obter qualquer resposta.