Greve no Hospital de S. Bernardo termina sexta-feira
Os médicos do Hospital de S. Bernardo decidiram por termo à greve que estava em curso desde o passado dia 6 de Setembro, e a partir de sexta-feira regressam ao trabalho normal. Os médicos reuniram esta manhã para avaliar a proposta do Conselho de Administração (CA) do hospital, que se “comprometeu a pagar os retroactivos das horas extraordinárias desde Julho de 2000 até Dezembro de 2002, e as referentes ao ano em curso”, disse ao “Setúbal na Rede” o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Carlos Arroz.
O Hospital de S. Bernardo vai então regressar à normalidade interrompida por 3 semanas de greve, que, segundo Carlos Arroz, se traduziram em “muitos transtornos para os doentes de Setúbal”, que “poderiam ter sido evitados se o CA do hospital de S. Bernardo não tivesse adiado excessivamente a resolução do problema”. O dia de hoje foi decisivo, pois para além da reunião entre os próprios médicos para decidir o futuro do protesto em curso, realizou-se também uma reunião entre o SIM e o CA que “resultou num bom entendimento”, disse o secretário-geral do SIM.
O encontro serviu para oficializar o compromisso assumido no passado sábado pelo CA do Hospital de S. Bernardo, que garante que vai desenvolver todos os esforços para “pagar até ao final do ano as dívidas aos médicos em regime de não exclusividade”, refere Carlos Arroz. Para o sindicalista, esta reunião peca por ter acontecido “tardiamente”, pois “antes do início da greve houve muitas oportunidades de negociação que o CA sempre protelou”. Houve várias reuniões e tentativas falhadas de chegar a consensos, antes da greve, que segundo Carlos Arroz, podem dever-se ao facto de o CA do hospital de S. Bernardo “nunca ter pensado que a paralisação dos médicos poderia ter tão grandes proporções”.
Para Carlos Arroz, houve um “erro de previsão” por parte da administração do hospital ao “não medir o impacto e a adesão da greve”. Segundo o secretário-geral do SIM, a paralisação acabou por registar uma “adesão maciça, que provocou muitos problemas”, sobretudo nos serviços de consultas externas e cirurgias programadas, e no Serviço de Urgências, que por dois fins-de-semana consecutivos esteve em risco de encerrar. Este facto forçou o Conselho de Administração a “assumir as suas responsabilidades”, diz Carlos Arroz, e a “dar razão aos médicos”, que “tiveram de endurecer a luta para que a lei fosse cumprida”.
Em função do compromisso assumido pelo Conselho de Administração, o secretário-geral do SIM refere que “não tinha mais sentido o prolongamento da greve”, e por isso os médicos regressam amanhã ao trabalho normal. O “Setúbal na Rede” tentou contactar o Conselho de Administração do Hospital de S. Bernardo, mas até ao momento não foi possível.
Recorde-se que a greve dos médicos do Hospital de S. Bernardo esteve em curso desde o dia 6 de Setembro e estava prevista durar três semanas, mas foi depois decidido que seria prolongada por mais três semanas, dada a falta de resposta do Conselho de Administração às reivindicações destes profissionais de saúde. Os médicos exigiam o pagamento dos retroactivos das horas extraordinárias, entre Julho de 2000 e Dezembro de 2002, para quem cumpria o regime de horário completo de 35 horas. O compromisso de pagamento assumido agora pelo CA evitou que os utentes do Hospital de S. Bernardo tivessem que se deparar com mais três semanas de greve.