Enertel rescinde contratos com
mais de 70 trabalhadores
A empresa Enertel, localizada em Brejos de Azeitão, vai transferir-se para Esposende, no final deste ano, deixando mais de 70 trabalhadores no desemprego. Segundo José David, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas, esta empresa produtora de condutores eléctricos alega “falta de rentabilidade” no distrito de Setúbal, e decidiu “fazer uma deslocalização de mais de 400 quilómetros”, para as instalações da empresa Solidol, em Esposende.
José David garante que “mais de 70 pessoas foram obrigadas a rescindir o contrato”, pois “não estavam dispostas” a mudar-se. Isto porque a Enertel oferece apenas o transporte de bens às pessoas que optem por continuar vinculadas à empresa, e passem a exercer a sua actividade naquela localidade. As restantes despesas, como, por exemplo, rendas de casa, ficariam a cargo dos trabalhadores, que, no fundo, “teriam de começar uma vida quase do zero, numa terra distante”.
“A quase totalidade trabalhadores recusou transferir-se para a empresa de Esposende”, disse José David ao “Setúbal na Rede”, e já foram assinadas muitas rescisões de contratos. A empresa garantiu que “vai pagar as indemnizações até ao dia 19 de Dezembro”, apesar de inicialmente ter previsto um prazo até ao dia 31. Até ao momento, ainda “nada foi pago”, apesar da fábrica de Azeitão já não estar a produzir, e os trabalhadores estarem parados.
Quanto ao facto de a empresa alegar que em Setúbal “já não é viável, devido à quebra dos lucros”, o sindicalista não acredita que isso seja verdade. Diz que “houve sempre muita produção na empresa”, e refere que em 1989 a Enertel recebeu mais de 400 mil contos de incentivos, dinheiro que “desapareceu inexplicavelmente”. Em relação ao futuro do espaço ocupado pela Enertel em Brejos de Azeitão, José David refere que o objectivo da administração é vendê-lo, embora ainda não tenha dito a quem e para que fins. No entanto, acredita que “deverá destinar-se muito provavelmente à especulação imobiliária, dando depois lugar a um condomínio privado”. No seu entender, existem “interesses económicos” que vão “custar os postos de trabalho a quem mais precisa”.
Apesar de ser ponto assente a transferência da Enertel para Esposende, José David garante que o sindicato “vai continuar a luta pela manutenção dos postos de trabalho”, pois este é sempre “o principal objectivo dos trabalhadores”. Nos próximos dias deverá realizar-se um plenário, no qual os trabalhadores vão decidir o que vão fazer em relação ao futuro e quais as formas de luta a adoptar.
O “Setúbal na Rede” tentou obter esclarecimentos por parte da administração da Enertel, mas até ao momento não foi possível estabelecer o contacto.