[ Dia 11-12-2003 ] – Crónica de Opinião por Paulo Freritas do Amaral.

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Antes de mais aqui quero deixar uma palavra de solidariedade e de esperança no futuro do seu país para todas as famílias guineenses do Distrito de Setúbal. Depois de ter sofrido um golpe de estado que derrubou o imprevisível Presidente Kumba Yalá, a Guiné – Bissau tem a liderar o processo de transição, o Conselho Nacional de Transição que é composto por elementos de todos os partidos políticos e pelos militares, estando estes últimos em maioria.

O conflito de etnias que existe, pode agravar-se devido à maioria destes militares ser de etnia balanta, a mesma de Kumba, que actualmente depois de ter sofrido o golpe de estado, está a residir pacificamente em Bissau.

O PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-Verde) já se insurgiu com o funcionamento deste Conselho de Transição, pois acha que os preceitos da carta de transição política estão a ser violados e que este facto dificultará a realização de eleições num curto espaço de tempo.

De positivo nos últimos tempos é de salientar a acção do Presidente interino Henrique Rosa que visitou o nosso país, pondo assim um pouco de água na fervura na relação que Kumba tinha desenvolvido com Portugal e também a acção dos militares agora no poder, na atitude que tiveram de reconciliação com os militares que foram marginalizados no tempo de Kumba, por serem fiéis a Nino Vieira.

A meu ver a situação deste país agrava-se com o passar do tempo, para além da pobreza extrema em que vive a população, a função pública à cerca de um ano que tem os vencimentos congelados e para ajudar a tudo isto no passado dia 21 de Novembro cerca de 500 ex-combatentes  manifestaram-se por não terem recebido os seus subsídios de reforma depois do golpe de 14 de Setembro.

É uma situação explosiva, que só a sensatez pode salvar, pois para além da situação de carência que o povo vive, a população encontra-se armada e qualquer grupo de cidadãos insatisfeitos poderá levantar problemas à pacificação e ao desenvolvimento do país.

As eleições estão para breve, os militares disseram que só precisariam de seis meses para o país estar em condições de ir às urnas. Se este compromisso for comprido por parte do exército, e a população colaborar, apesar da situação difícil que atravessa, talvez se vislumbre uma luz ao fundo do túnel.

É pena que o poder local não incentive os debates com a população acerca do seu país de origem porque são problemas que apesar de não terem a ver com o nosso umbigo, preocupam uma grande faixa dos cidadãos do nosso distrito, pois têm pessoas de família e amigos a passar dificuldades. Mesmo na diáspora a associação e o debate entre conterrâneos é benéfica para todos.

Aqui fica a sugestão. seta-9929352