ASSENTO PARLAMENTAR
por Luís Rodrigues
(Deputado do PSD eleito pelo distrito de Setúbal)
Decidir correctamente
Fazer política em democracia é ter a capacidade de ouvir os anseios das pessoas, das empresas, dos trabalhadores e das famílias, analisar as diversas soluções alternativas, escolher a melhor opção considerando as limitações dos recursos existentes, o interesse público, a justiça das decisões e executar essas medidas no terreno.
Explicar e divulgar
as decisões é parte integrante do seu sucesso. Os destinatários das decisões só podem ser ganhos para as causas se as compreenderem, se perceberem que aquele é o caminho correcto, o caminho mais justo e o caminho da verdade. Só assim se pode “vestir a camisola” e atingir o objectivo, que é deixar a nossa aldeia, a nossa cidade, o nosso concelho e o nosso país melhor para as gerações futuras do que a situação em que o encontrámos.
A maior parte das decisões e medidas políticas tomadas hoje têm repercussões num futuro mais ou menos próximo. Essas repercussões podem ser positivas ou negativas e podem ser duradouras ou efémeras.
Para tomarem decisões os políticos sofrem pressões de vária ordem e com diferentes intensidades.
A opinião pública e a opinião publicada, os interesses económicos, sociais, ambientais, político-partidários, fazem parte do vasto leque de pressões a que os decisores estão permanentemente sujeitos. Neste leque não se podem esquecer os “lobbies” que são exactamente o contrário daquilo que dizem ser, nem determinados sectores fortes da sociedade que utilizam outros sectores para tentarem alterar a opinião da população a seu favor.
Os “regionalismos” também pressionam os decisores levando muitas vezes a que se cometam erros que custam milhões de euros aos cofres públicos.
Neste contexto de contra ciclo económico, em que as necessidades avultam face aos recursos disponíveis, a capacidade de discernir e optar pela decisão correcta é a chave para a construção do futuro.
Decisões recentes do Executivo que governa o País desde Abril de 2002 atestam essa mesma capacidade, revelando que vamos no bom caminho. E essa mesma impressão sai reforçada perante o clamor dos interesses instalados, lesados nas suas (i)legítimas expectativas.
O percurso anunciado para o TGV, entre Lisboa e Madrid, revela uma ponderação de que seis anos de (des)governo rosa tinha desabituado os portugueses. A escolha do traçado, que atravessa o nosso Distrito, pode transformar a nova ligação entre as duas margens do Tejo num pólo dinamizador do fluxo de pessoas e bens, com todas as vantagens inerentes.
Para isso basta que para além da Alta Velocidade, sejam contempladas outras valências de transporte ferroviário, com impactos directos e benefícios de mobilidade e fluidez de tráfego na área metropolitana, também nas ligações para o sul do Distrito de Setúbal.
A questão da construção de um novo aeroporto e da desactivação da Portela, revela também a dinâmica deste novo rumo de governação.
Um processo marcado pelas críticas de especialistas de todos os quadrantes, que se arrastou inquinado pela noção de que no final seriam “os do costume” a ganhar com uma decisão que deveria projectar no futuro um benefício comum, acabou por deixar “os do costume” com uma enorme desilusão, perante a impossibilidade de realizar os chorudos lucros que a “vox populi” garantia estarem na base de todo o processo.
A Portela mantêm-se, com claros benefícios para o erário público ( i.e. , nós , os cidadãos contribuintes ) , não há lugar a especulação imobiliária em Lisboa ,nem a valorizações exponenciais para os proprietários de terrenos fora de portas.
Por último, a contenção orçamental. É um assunto glosado sistematicamente, por entendidos e por treinadores de bancada.
Na realidade, uma questão que parece escapar a algumas pessoas, é que a bondade das medidas propostas e aplicadas pela ministra das Finanças tem de ser avaliada com base não apenas nas expectativas pessoais de cada um. É preciso não perder de vista o ponto de onde se partiu.
E que foi a constatação do descalabro que constituía a situação que levou os portugueses a optarem pela mudança de modelo. E a escolherem quem se comprometeu a fazer diferente, a fazer bem e a decidir correctamente. Que é o que tem vindo a ser feito, com razoabilidade e bons resultados.
Gostamos de pensar que, ao contrário do aforismo, o bem que é feito pode e deve sobreviver aos decisores, aos políticos. E que as decisões tomadas acertadamente, são fecundas, se projectam na construção do futuro, dando origem e encadeando-se noutras igualmente benéficas.
É o decidir correctamente que nos permite alicerçar projectos, ultrapassar as crises, criar e integrar os ciclos longos de bem-estar que permitem o progresso dos portugueses e de Portugal.
As navegações à vista já sabemos aonde nos podem levar…