Município de Almada vai ajudar
na recuperação de Angola
A Câmara Municipal de Almada e alguns empresários do concelho “vão ajudar na recuperação de Angola”. Uma comitiva constituída por representantes da autarquia e de empresários deslocou-se ao município de Porto Amboim e à região de Kwanza Sul, em Angola, com o objectivo de “ver os problemas de perto, para poder cooperar”, disse a presidenta da Câmara Municipal de Almada, Maria Emília de Sousa.
A “realidade do país” foi constatada na visita, e tentou-se verificar qual o “interesse económico que as iniciativas a realizar poderão vir a ter para o desenvolvimento do país”. A comitiva visitou quatro municípios, “o de Sumbe, o de Porto Amboim, o de Waku-Kungo (Cela) e o de Conda”. Em cada um deles “vai ser feita uma escola”, que vai custar “50 milhões de euros”, anunciou a presidente da câmara.
Para além da presidenta da câmara, integraram a comitiva o presidente da Assembleia Municipal, José Manuel Maia, e o vereador da Acção Sócio-cultural, Desporto, Informação e Turismo, António Matos. Viajaram também para Angola “17 empresários do concelho de Almada que representam 14 empresas” na área alimentar, na agropecuária, nas telecomunicações, na informática, no planeamento, nas obras públicas e portuárias. Estes desde cedo “mostraram um grande interesse” para ajudar nesta iniciativa, referiu a autarca.
Foram feitos alguns worshops, entre os quais “o da reestruturação de redimensionamento empresarial” e “apresentação da agência nacional de investimentos estrangeiros”. Maria Emília de Sousa ficou “satisfeita” com a visita, e disse mesmo que “foram ultrapassadas todas as expectativas”. A presidenta elogiou “a maneira como os angolanos receberam a comitiva”.
No último dia da visita foi feito um balanço, no qual os empresários almadenses “assinaram um documento”, com vista a possíveis “intenções de investimento e colaboração empresarial”. Ponderou-se também a intenção de se constituir “uma associação de empresários para recuperação de Angola”. O município de Almada vai ajudar com iniciativas de “formação profissional, de planeamento e estudo de infra-estruturas básicas”, como a saúde e a educação.
Neste momento, Angola está num “processo de progresso” e a grande prioridade “é tentar que as pessoas voltem para as terras natal”, referiu Maria Emília de Sousa. O facto é que Luanda está com “quatro milhões de habitantes que fugiram da guerra”. Angola tem em mãos o projecto “Aldeia Grande”, que consiste em “conseguir casas com área agrícola” para as famílias poderem trabalhar. A educação é outro tema “de grande importância”, sobretudo em “aldeias que não têm escolas”, já que nas cidades existem, “pelo menos, 3 ou 4 escolas”.
A ideia é que se promova geminações que vão ter a participação das escolas do concelho de Almada e envolvem “crianças, escolas e famílias”. Esta iniciativa “significa muito para quem não tem nada”. A autarca diz mesmo que “vivemos numa sociedade de desperdício” e que não se dá valor a pequenas coisas que “para estas populações são uma preciosidade”.
A presidenta da Câmara de Almada acredita que “esta geminação vai ser importante” para “melhorar a qualidade de vida das pessoas”. A autarca refere que “Angola anseia a presença dos portugueses” e lança um apelo “para as pessoas acabarem com a conversa da descolonização” e para se preocuparem “mais com a cooperação”.
A cooperação com Porto Amboim (Kuanza Sul – Angola) iniciou-se no ano de 1987. A Câmara Municipal de Almada fez uma campanha de solidariedade por Porto Amboim e Timor Leste, em Dezembro de 1999, que consistiu em recolher material e produtos úteis junto da comunidade almadense. A população de Almada “foi muito receptiva” e conseguiu-se “reunir 60 toneladas” de vestuário, alimentos, livros, material didáctico e artigos hospitalares. Maria Emília de Sousa diz que foi “complicado conseguir fazer chegar” o material a Angola.
Na próxima semana vai ocorrer “um encontro para balanço com a embaixada de Angola”, em Portugal. O governo de Angola virá em visita a Almada, ou “na comemoração dos 30 anos do 25 de Abril” ou nas “festas da cidade em Junho”.