O poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage é a figura principal do baralho de cartas pedagógico, lançado na passada sexta-feira, dia 30, pelo Centro de Estudos Bocageanos (CEB). Daniel Pires, professor e investigador do CEB, afirmou que esta “é uma forma interessante de apresentar a época em que o poeta viveu, século XVIII, uma das menos estudadas na literatura portuguesa”.
Além de apresentar ao público alguns dos passos mais significativos da vida e obra de Bocage, “este baralho de cartas está ligado à mística do jogo, característica da época em que o poeta viveu”, disse Luís Farinha Franco, orador principal da palestra “O jogo da vida, o jogo das cartas”. De facto, foi no século XVIII que se registou o aparecimento de “novas formas de sociabilidade” e, com o surgimento de novos espaços públicos como cafés, salões, entre outros, vieram também diversas formas de jogo, entre elas o jogo das cartas.
Apesar de a iniciativa ter sido apoiada pelo Ministério da Cultura, o Instituto Camões e o Instituto Português do Livro, que compraram alguns exemplares, o certo é que, segundo Daniel Pires, “o lançamento deste projecto vai acarretar riscos durante alguns meses”. Isto porque “foi necessário fazer uma tiragem grande, no sentido de conseguir um preço mais acessível”. Além disso, Daniel Pires reforçou a ideia de o CEB viver apenas de “uma quota mensal de 1,5 euros” dos seus associados, o que os remete para uma posição de “incerteza em relação ao futuro”.
No entanto, Daniel Pires considera que este “não é um baralho qualquer”, até porque foi impresso pela Fournier, “uma das fábricas mais especializadas do mundo na concepção de baralhos de cartas”. Neste sentido, Luís Farinha Franco concluiu que “este é o resultado de um esforço dedicado em função de uma pessoa que é verdadeiramente um património cultural”.
O projecto, cuja ideia nasceu há cerca de seis meses, foi apresentado através de dois baralhos de cartas. Assim, nos ases figuram quadras de sonetos bocagianos, enquanto nas cartas do número dois ao dez é apresentada uma cronologia com 40 das datas mais marcantes da vida de Bocage. As figuras como o rei, a dama ou o valete, foram substituídas por personalidades importantes da época como a Marquesa de Alorna, José Agostinho Macedo, Luísa Todi, entre outros.
Além disso, também o joker, figura característica do baralho de cartas, é ilustrado como a Inquisição, um meio de simbolizar as dificuldades pelas quais Bocage passou durante a sua vida. Tudo isto e ainda um pequeno livro com textos escritos pelos investigadores do CEB preenchem a caixa que vai ser posta à venda, brevemente, nas livrarias da cidade, pela quantia aproximada de 15 euros.