Carlos de Sousa acredita em futuro risonho
para a pesca, em Setúbal
O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Carlos de Sousa, acredita que a eventual transferência da rede de frio da antiga lota de Lisboa para Setúbal vai representar um “salto qualitativo para a pesca do concelho”. Este é um dos temas em destaque nos contactos que o autarca vai realizar, na próxima semana, com várias associações ligadas ao sector da Pesca e Aquicultura do concelho. É o início do ciclo das “Semanas Temáticas”.
O tema da Pesca e Aquicultura foi o escolhido para o arranque desta iniciativa da autarquia porque “está directamente relacionado com as origens da cidade de Setúbal”. A pesca “tem muito a ver com a história do concelho, do ponto de vista económico”, já que Setúbal foi, noutros tempos, “o maior posto conserveiro da Europa e um dos maiores do mundo”. Hoje em dia, e apesar de Portugal estar cada vez mais dependente da produção europeia, o autarca acredita que o sector tem pela frente um “futuro risonho”.
A “duplicação da comercialização de peixe” na Docapesca de Setúbal, como resultado do encerramento da Lota de Lisboa, representou um “grande salto para o sector”. Por isso, Carlos de Sousa acredita que a pesca setubalense está no bom caminho, já que tem “descargas de pescado significativas e há mais compradores a visitarem a lota e o concelho”.
Além disso, há a possibilidade da rede frio da antiga Lota de Lisboa ficar instalada em Setúbal. Carlos de Sousa acredita que este poderá ser “o grande salto qualitativo para o sector no concelho”. O processo está ainda “em fase de negociações”, mas a câmara já encontrou um terreno que pode vir a receber a rede frio. Trata-se de um local “com boas acessibilidades”, no Parque Industrial da Sapec, mas “ainda é cedo para revelar mais”. O “Setúbal na Rede” tentou contactar a Docapesca de Setúbal para obter mais informações sobre este assunto, mas tal não foi possível.
Para além do peixe selvagem, Setúbal também tem “um dos melhores peixes de cativeiro do país e da Europa”. O peixe de aquicultura setubalense “é maravilhoso”, o que fica a dever-se à “excelente qualidade da água do Estuário do Sado”. Tanto a pesca, como a aquicultura são dois sectores “importantes” para o concelho, por isso a autarquia decidiu reunir com os seu principais intervenientes para analisar a situação do sector.
Assim, a partir de segunda-feira, Carlos de Sousa vai reunir com várias associações, entre as quais, a Associação Portuguesa de Produtores Aquícolas, Associação Nacional de Aquicultura, Cooperativa de Pescadores de Sesimbra, Sines e Setúbal – Sesibal -, a Docpaesca, Bivalpesca, Associação de armadores de Pesca do Centro e Sul e Mútua dos Pescadores. O objectivo “é analisar a situação na fileira do peixe no concelho” e verificar quais os “principais problemas com que se debatem e os desafios que se colocam”.
No entanto, esta Semana Temática não vai ser uma iniciativa esporádica, pois Carlos de Sousa pretende que estas reuniões “adquiram um carácter de permanência”. Pode então criar-se um Fórum dedicado ao peixe, onde os vários intervenientes poderão “debater regularmente a situação do sector”. Ainda com o objectivo de promoção da qualidade do peixe de Setúbal, o autarca volta a realçar “a grande importância do papel que vai ser desempenhado pela recém-criada Confraria do Peixe de Setúbal”.
Sesibal defende aposta na promoção do peixe de Setúbal
Para Ricardo Santos, responsável pela Sesibal, a realização desta Semana Temática “é de louvar”, pois, pela primeira vez, há “um boa iniciativa para se poder fazer mais e melhor pelo sector da pesca”. Considera que deve haver uma ”grande aposta no desenvolvimento das potencialidades do concelho” é ”a qualidade do peixe é uma delas”. Só a divulgar e a promover o que existe de bom na região é que se pode “elevar bem alto o nome de Setúbal”. A criação de um fórum de discussão permanente sobre a situação da pesca seria, no seu entender, uma “boa forma de defender e promover o sector”.
Uma dos grandes objectivos da Sesibal é “criar, em Setúbal, uma fábrica de conservas”. Este projecto pode “ter, em breve, um avanço”, mas “tudo depende da câmara”. É que, segundo revela Ricardo Santos, “surgiu agora um investidor que está interessado em apostar na concretização deste projecto”. Sem querer adiantar mais pormenores, porque “o segredo é a alma do negócio”, este responsável acredita que esta “é uma oportunidade que não se pode perder”. Caso contrário, a construção da fábrica de conservas de Setúbal “pode sofrer um grande atraso ou mesmo ficar inviabilizada”.
Quanto à possibilidade de ficar instalada no concelho a rede frio da antiga Lota de Lisboa, Ricardo Santos diz que esta é “uma questão que precisa de ser bem discutida”. As “dúvidas e reticências” de Ricardo Santos dizem respeito ao facto de o sistema de congelação da rede frio que está na forja “é um pouco ultrapassado no tempo”. Pelo contrário, é preciso um sistema “mais moderno e sofisticado”.