Estação arqueológica do período Neolítico descoberta em Alcochete
Uma estação arqueológica, que se pensa ser do período Neolítico antigo, foi descoberta no Samouco, concelho de Alcochete. Carlos Tavares da Silva, do Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal, explicou ao “Setúbal na Rede” que foi uma descoberta “importante”, caso se confirme ser deste período. Isto porque, se refere a uma época “pouco conhecida no nosso país, e que representa o inicio da autonomia do homem”.
Miguel Correia, o arqueólogo que fez a descoberta, sublinhou que “é a primeira vez que se encontra um vestígio deste período, no concelho”. Além disso, conforme frisou Carlos Tavares da Silva, o Neolítico antigo “refere-se ao momento em que ocorreu uma revolução social”. Ou seja, foi aí que o homem “encontrou as primeiras formas de produção de alimento”, e deixou para trás a actividade meramente recolectora.
Foi possível apurar vestígios de uma comunidade ribeirinha, dos primórdios da sedentarização, consagrada essencialmente ao aproveitamento dos recursos do Tejo. Miguel Correia destacou a descoberta de lascas, lamelas e núcleos de sílex, que “representam os instrumentos do quotidiano”. Os achados vão ser integrados no espólio arqueológico municipal.
Principal preocupação agora é referenciar no Plano Director Municipal esta estação para “impulsionar medidas adequadas de protecção”. Conforme a Câmara Municipal de Alcochete informou por escrito, “pretende-se inviabilizar a destruição do património arqueológico, no âmbito de operações de urbanização e edificação”.
Miguel Correia adiantou que ainda não foi averiguado o estado de conservação dos achados, mas pensa que “o terreno não sofre perigo” porque “se encontra numa zona rural”. Contudo, este período conta, normalmente, “com estruturas frágeis”. Não há projecto, nem data para iniciar as escavações.