Águas do Sado faz balanço “positivo”
de seis anos de actividade
Ao fim de seis anos de actividade, a Águas do Sado faz um balanço “positivo” do trabalho realizado em Setúbal, embora esteja ainda “longe de alcançar os resultados pretendidos em determinados aspectos, como a nível económico”. Paulo Campos revela que os accionistas “ainda não viram recompensado o investimento financeiro realizado”, mas acredita que a empresa está no bom caminho.
Em termos operacionais, “a concessão vive bem” e consegue “satisfazer as necessidade de procura de água”. Para além disso, a qualidade da água é “irrepreensível”, o que a torna “uma das melhores águas de Portugal”. A estratégia destinada a melhorar os serviços prestados aos clientes permitiu também “criar áreas de serviço a clientes” e “modernizou sistema e infra-estruturas”.
Paulo Campos garante que a Águas do Sado “entrega água de qualidade e com preço mais baixo do que em 1997”. As actuais tarifas de água e saneamento são, respectivamente, inferiores 7% e 13% em relação às praticadas naquele ano pela Câmara Municipal de Setúbal. A gestão “eficaz” do sistema de abastecimento permite também “assegurar a distribuição de água ininterruptamente, 24 horas por dia e durante todo o ano”.
Eduardo Coimbra refere que estas melhorias só foram possíveis graças à “utilização das mais avançadas tecnologias” e de rigorosos sistemas de monitorização e controlo da qualidade da água. Agora, há uma “resposta mais rápida a qualquer intervenção necessária na rede” e “aumentou a capacidade operacional do piquete de rupturas”. O tempo máximo para reparar uma ruptura reduziu para uma média de duas horas.
Em 2003, a Águas do Sado registou um volume de negócios de 12,360 milhões de euros, o que representa um aumento de 12,8% em relação a 2002. A empresa reduziu também os prejuízos para cerca de 346 mil euros, em relação aos mais de um milhão de euros em 2002. O número de clientes aumentou de 57.244, em 2002, para 58.025, em 2003.
Para o ex-presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Mata Cáceres, a concessão dos sistemas de abastecimento e saneamento de água “foi uma aposta ganha”. A autarquia “não tinha capacidade para melhorar” e a gestão privada “não é uma coisa diabólica como o PCP gosta de dizer”.
O autarca, agora na oposição à liderança comunista na Câmara de Setúbal, refere que havia “muitas deficiências no serviço” e era “difícil remediar o problema através da administração pública”. Os Serviços Municipalizados de Saneamento (SMS) funcionavam de uma forma “fechada” para os utentes e tinham uma atitude de “alheamento e arrogância”. Além disso, havia um quadro de pessoas envelhecido e “o investimento era praticamente nulo” devido à falta de verbas.
Mata Cáceres considera que através da concessão foi possível “aumentar o investimento na rede do abastecimento e fornecimento de água”. A qualidade da água “manteve-se” e “não é cara como as pessoas pensam”. Se a câmara tivesse continuado a gerir o serviço as tarifas “seriam ainda mais caras”.
Além disso, considera que “é preciso pagar os investimentos que se fizeram”, nomeadamente, a ETAR que custou sete milhões de contos e as novas redes de abastecimento que se construíram no centro histórico da cidade. Contudo, “os utentes exigem qualidade, mas não querem pagar mais por isso”.
Quanto a Regina Marques, vereadora da oposição no último mandato socialista na Câmara de Setúbal, continua a defender que foi feita uma “má opção política”. Para Regina Marques, a privatização punha em causa a “possibilidade do sector privado ter domínio sobre um bem estratégico e essencial, que é a água”.
No entender da ex-vereadora, os serviços públicos “têm de ser geridos pela autarquia”, que tem de procurar formas de rentabilizá-los da melhor maneira possível, sem entregá-los a privados. É o caso da limpeza urbana em Setúbal que foi concessionada há alguns meses a uma empresa privada, a Ipodec. Também aqui considera que o executivo camarário, agora liderado pela CDU, “deveria ter optado por outra solução”.
Esta comunista considera que o PS “abriu as portas à privatização” que agora se tornou “comum”. “O próprio governo tem vindo a privatizar algumas áreas essenciais”, refere, e “é preciso lutar contra este desígnio”.
Regina Marques não comenta se a qualidade do serviço melhorou ou não nestes seis anos, mas afirma que “são os gestores públicos que têm obrigação de zelar pelo bem público”. Aponta como exemplo a TAP, que tem um gestor designado pelo Estado, e que está a registar “franca recuperação”. Assim fica demonstrado que “com uma boa gestão pública dos recursos e sua rentabilização” se pode evitar a privatização.