[ Dia 14-04-2004 ] – Carlos Carvalhas garante que a Estratégia de Lisboa é um fracasso.

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Carlos Carvalhas garante que a Estratégia de Lisboa é um fracasso

O secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, considera que a Estratégia de Lisboa (EL) “é um fracasso que se traduziu em recessão económica e no desmantelamento das conquistas sociais”. Sérgio Ribeiro, deputado no Parlamento Europeu, foi mais longe e chamou à EL “operação demagógica para enganar cidadãos, delineada na mesa redonda dos industriais”. No debate do PCP, em Setúbal, sobre o Balanço da EL os comunistas consideram ser necessário “dar outro rumo à União Europeia (UE)”.

A EL foi aprovada em Março de 2000, durante a presidência portuguesa da UE, e tinha como objectivo tornar a economia da União mais competitiva face aos principais concorrentes. Por isso, definiu-se como prioridade a liberalização dos sectores considerados essenciais como, por exemplo, os transportes, a energia e as telecomunicações. A EL previa ainda a flexibilização dos horários laborais, a moderação salarial e o investimento na educação.

Para Carlos Carvalhas, “os verdadeiros objectivos da EL foram embrulhados num papel de fantasia que falava na qualidade de emprego”. Contudo, a verdade “é que esta visava uma aproximação ao modelo social americano”, onde “a flexibilidade laboral é igual a precariedade”. Por isso, o líder comunista aproveitou para lançar farpas “à súbita paixão do Governo pelas questões sociais”, uma vez que este “está ao serviço do capital financeiro”.

O comunista frisou ainda “a perda de competitividade da Europa”, face aos seus concorrentes. Portugal é aliás “a economia mais frágil” e “vai ser a última a recuperar”. O problema reside, essencialmente, no cumprimento do Pacto de Estabilidade, pois “este amordaça o investimento”. Helmuth Markov, deputado alemão no Parlamento Europeu, explicou que o pacto não funciona porque não é possível “impor em todo o lado a mesma receita para o sucesso”.

Ilda Figueiredo, deputada do PCP no Parlamento Europeu, sublinhou que na Europa os mercados essenciais foram de facto privatizados, mas “nas áreas sociais avançou-se apenas 10% do proposto”. Ou seja, “a educação e a inclusão social foram preteridas em prol da economia”. O problema “é que nem este modelo económico está a funcionar”. Rui Paixão, da União de Sindicatos de Setúbal, frisou que a EL pode ser comparada à expressão matemática, nunca resolvida, da quadratura do círculo, “uma economia saudável é igual a recessão social”.

Durante estes quatro anos, Portugal “aumentou os números do desemprego e diminuiu a sua produção”. “Tanto o investimento privado, como o público diminuíram” e são inferiores ao dos Estados Unidos. Rui Paixão explicou que em 2000 havia 32 500 desempregados em Setúbal. Actualmente, há 43 500 “o que representa um aumento de cerca de 34%”.

Carlos Carvalhas propõe a baixa das taxas de juro, “para estimular o investimento de forma a alargar o mercado interno”. A solução pode passar ainda “pela protecção do mercado interno para evitar a estagnação da integração nos mercados internacionais”. Em tempo de crise, “o estado deve ainda investir mais”. Herman Schmid, deputado sueco, exemplificou a falta de investimento na Europa através do caso da empresa Lisnave. Para ele, os directores da Lisnave dão a desculpa que está a ser aplicada em toda a Europa, “não há dinheiro para investir”. Contudo, o verdadeiro objectivo “é explorar cada vez mais os trabalhadores”seta-7200357