[ Dia 16-04-2004 ] – 30 anos de 25 de Abril – Ó Pacheco apela a maior proximidade do povo com o Poder Local.

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30 anos de 25 de Abril
Ó Pacheco apela a maior proximidade do povo
com o Poder Local

Uma música a determinada hora é posta na rádio e a partir dai começou a revolução que trouxe a liberdade e a democracia ao povo português. O povo unido sai à rua e substitui as balas das armas por cravos. Para trás fica a ditadura vivida em sofrimento durante 48 anos. Da revolução surgiram as comissões administrativas que eram escolhidas nas sedes dos partidos ou eleitos na praça pública, de braço no ar.

Em 1976 entre em vigor a Constituição da República Portuguesa e ocorrem as primeiras eleições autárquicas a 12 de Dezembro do mesmo ano. É o nascimento do Poder Local Democrático. O “Setúbal na Rede” tentou saber como foi a evolução da revolução de Abril, através da opinião de um dos “dinossauros” do Poder Local do distrito de Setúbal, Francisco do Ó Pacheco.

O autarca é eleito em 1976 para presidente da Câmara Municipal de Sines, tendo concorrido pela lista da Frente Eleitoral do Povo Unido (FEPU). Consegue maioria absoluta com cerca de 55% dos votos contra 35,6% do Partido Socialista. Francisco do Ó Pacheco cumpriu seis mandatos e obteve sempre maiorias absolutas, mas em 1997 decidiu não se recandidatar mais. Preside à Assembleia Municipal de Sines desde 1998.

Francisco do Ó Pacheco faz um “balanço positivo” destes 30 anos de Poder Local Democrático em Portugal. No entanto, o autarca defende que o Poder Local “não soube manter uma relação próxima com a população”. A exigência tem de “ser mais moderna”, pois o Poder Local, neste momento, “está longe de si próprio”. Francisco do Ó Pacheco considera necessário “conquistá-lo novamente” e apela a uma “maior proximidades entre as autarquias e a população”.

Há 30 anos, a dedicação da população “era enorme” e predominava o “trabalho colectivo”. O Poder Local era “muito importante” para a vida das populações, mas, neste momento, “estão cada vez mais afastados”. O facto é que existia uma “grande aproximação dos autarcas com a população”, que “não existe hoje”.

Passados 30 anos, Ó Pacheco explica ao “Setúbal na Rede” como era o concelho de Sines em 1974. Era um “enorme estaleiro” com cerca de quatro mil habitantes. Além disso, era das “poucas terras em que se podia encontrar facilmente trabalho”, pois estavam na região “muitas das grandes empresas da altura”. Entre trabalhadores e habitantes, estavam diariamente no concelho cerca de “10 a 12 mil pessoas”.

O autarca refere que foi “convidado” pela FEPU – coligação entre o PCP e o MDP – para se candidatar à presidência da Câmara Municipal de Sines. Francisco do Ó Pacheco partiu para a campanha eleitoral com “muitas expectativas” e convicto de que “iria vencer”. Apesar de “as coisas naquela altura estarem um bocado quentes”, os resultados “foram de encontro às expectativas” pois ganhou com maioria absoluta.

O primeiro mandato “correu bem”, mas “com muito trabalho e algumas dificuldades”. Durante os fins-de-semana a câmara “constituía grupos de pessoas para trabalhar” no concelho, como, por exemplo, “pessoas para garantir o funcionamento dos postos médicos”. Os meios financeiros “eram escassos” e eram necessárias deslocações a Setúbal ou a Lisboa para se conseguir arranjar apoios para “realizar os projectos mais importantes”.

Se pudesse recuar 30 anos, Francisco do Ó Pacheco “mudava seguramente alguma coisa” do que fez na altura. Por exemplo, alterava a sua política em relação ao Ordenamento do Território e o Planeamento, ou seja, “não permitia a construção de edifícios muito altos”.   seta-5829279