[ Dia 19-04-2004 ] -Banco Europeu de Investimento “atento” à candidatura do Barreiro.

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O representante do Banco Europeu de Investimento (BEI), David Cocker, promete “estar atento às propostas da Câmara do Barreiro”, embora não assuma o financiamento como certo. Na exposição sobre a revisão do Plano Director Municipal (PDM), anteontem, o vice-presidente, Luís Cerqueira, apresentou a estratégia para “afirmar a cidade como centro urbano”. O objectivo é “simples”, “deixar de ser uma zona problema”. Luís Cerqueira acredita também que “o desenvolvimento do concelho não depende da terceira ponte”.

O Barreiro “vive, presentemente, num impasse causado pelos choques resultantes de transformações económicas” é uma das ideias que se pode ler na exposição. Segundo Luís Cerqueira, o actual PDM “não responde às necessidades locais”, logo “precisa de profundas alterações”. Por exemplo, cerca de 14% do alojamento está vago, e houve uma perda de população que “contraria as expectativas do anterior PDM”. A necessidade de mobilidade regional “tem vindo a crescer”, a par “da redução das condições de empregabilidade”.

Para financiar as intervenções no âmbito do PDM, a Câmara recorreu ao BEI, que é uma instituição financeira da União Europeia. Como David Cocker explica, o BEI “financia 50% dos custos a prazos que podem chegar a 30 anos”. Contudo, embora não ponha de parte a possibilidade de financiamento, David Cocker frisa que “o BEI é acima de tudo um engenheiro financeiro” e, por isso, “não pode deixar de olhar para a viabilidade económica”.

Luís Cerqueira explica que a revisão do PDM obedece a “uma estratégia com dois motores de afirmação”. O Masterplan para a renovação da Quimiparque vai ser “a chave do processo”. A freguesia de Coina vai dar “centralidade” ao concelho, na Península de Setúbal. Outro desafio vai ser “convencer os municípios do Seixal e da Moita a colaborarem nesta estratégia”, através “do desenvolvimento de acessibilidades em conjunto”. O Barreiro “pode desenvolver-se sem uma terceira ponte” mas, para isso, “é preciso construir a ER10, que liga os três concelhos”.

O vice-presidente acrescenta que é “importante” valorizar o espaço urbano e o património, bem como “garantir a qualidade das áreas industriais”. Assim, “é mais fácil captar a iniciativa privada”. O Plano Municipal do Ambiente e o Plano Estratégico “ajudam a implantar esta ideia”. O representante da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, Carlos Pina, louva esta opção, pois “não é possível desenvolver um concelho ao sabor das ideias de cada executivo camarário”.

A câmara já identificou as duas áreas prioritárias da cidade, o Barreiro Antigo e o Bairro das Palmeiras. Clemente Augusto da HWCA, empresa responsável pela simulação de intervenção, explica o que vai ser feito no Barreiro Antigo. A proposta é “facilitar as ligações” com o resto da cidade, com a Quimiparque, com Alburrica e com a Avenida da Praia. Desta forma, pretende-se “atrair mais comércio e actividade cultural”. A intervenção vai ser feita por quarteirões e “já estão identificadas as zonas mais degradadas”.

No Bairro das Palmeiras, a HWCA propõe “acabar com a fragmentação provocada pela linha férrea e pelos muros da Quimiparque”. As Palmeiras “não podem continuar a ser um local de passagem” porque “é importante que os habitantes sintam que pertencem à cidade”. Trata-se de uma área com muita actividade comercial e cultural “que deve ser preservada”. Os projectos, em ambas as zonas, já estão na fase de audição prévia de interessados e de preparação para a abertura de concurso público.

Intervenção de Planeamento e Estratégia do Barreiro

A Intervenção de Planeamento e Estratégia do Barreiro (IPEB) pretende contribuir para a  renovação urbana, ambiental e das Infra-estruturas, de forma a alcançar a sustentabilidade social e económica. Luís Cerqueira garante que, para que a revisão do PDM seja “bem sucedida”, estas intervenções “tem de ter a capacidade de atrair investimento”. O IPEB serve para “captar esse investimento e para dinamizar novas forças económicas”.

A gestão dos fundos conseguidos pelo IPEB vai ser feita pelo consórcio “Age Barreiro”. Dele vão fazer parte as entidades comunitárias, os representantes de uma rede de cidades e actores públicos e privados. Isto porque, “é preciso arranjar parceiros estratégicos, uma vez que a câmara não tem condições de suportar os custos sozinha”. O Instituto Nacional de Habitação “vai ser um dos parceiros públicos”, uma vez que financia as casas em 60%. Portanto, é possível uma construção e venda a preço controlado.

Clemente Augusto apresenta ainda as outras áreas de intervenção prioritária. Assim, a rede férrea inactiva do Barreiro “tem de ser remodelada”, uma vez que corta a cidade o que facilita o aparecimento de ‘guetos’. Pode ser aproveitada, por exemplo, para o Metro do Sul do Tejo. Na Frente Ribeirinha e em Coina vai ser dada  atenção à qualidade ambiental “para atrair o turismo de qualidade”. O concelho “não tem equipamentos para este sector”, por isso a intervenção em Alburrica também vai ser ao nível do turismo.

“Barreiro rumo a 2020”

Este é o nome da exposição patente no Auditório Augusto Cabrita que pretende explicar aos barreirenses o que vai ser feito no próximo PDM. Luís Cerqueira explica que o objectivo é “suscitar o debate e a participação dos cidadãos”. Até 16 de Julho, os munícipes podem participar em ‘worshops’ e debates organizados pela câmara, onde vão ser  discutidas as questões importantes para o desenvolvimento do Barreiro.

Luís Cerqueira destaca “a necessidade de decidir que destino dar aos espaços das indústrias desactivadas”, ou “que actividades económicas desenvolver no concelho”. Outras questões como a necessidade de um novo terminal de ligação ao Seixal, ou que papel o Barreiro pode desempenhar no Arco Ribeirinho também estão agendadas.  seta-3051219