Raul Solnado vai ser homenageado no Festroia
O Festival Internacional de Cinema de Setúbal (Festroia) vai homenagear, este ano, o actor Raul Solnado. Segundo o director do Festroia, Mário Ventura, esta homenagem “é merecida”, pois trata-se de um artista que tem “50 anos de uma carreira fabulosa” e que “deixou uma grande marca” no cinema. A homenagem vai ser feita na cerimónia de abertura do festival, no dia 4 de Junho.
O orçamento para o evento é de cerca de “450 mil euros”. A Câmara Municipal de Setúbal vai comparticipar com “130 mil euros”, garante o presidente da autarquia, Carlos de Sousa. Segundo Mário Ventura, a Comissão Europeia “vai continuar a apoiar o evento”, com cerca de “30 mil euros”, e este ano vai ter um representante no festival.
O director do Festroia refere que outros apoios também têm “sido importantes”, nomeadamente, por parte de um instituto italiano que “ajudou no transporte das bobinas dos filmes de Ettore Scola”. Tal como o “Setúbal na Rede” já tinha avançado este cineasta italiano vai ser homenageado com a atribuição do golfinho de ouro. Também a embaixada da Hungria deu uma preciosa ajuda ao Festroia.
No princípio do mês de Abril, a realização do Festróia foi “assombrada” pela exclusão dos apoios do Ministério da Cultura, através do Instituto de Cinema, Audiovisual e Multimédia (ICAM). Mário Ventura garante, no entanto, que o festival “nunca esteve em risco de não se realizar”. O responsável diz ainda ter receio que a falta de apoio do ICAM se “possa manter no futuro”.
Ao longo dos anos, no distrito de Setúbal, “tem existido um vazio” em certos sectores, tanto no “conhecimento”, como também na “actividade cultural”, que tem originado “desistências forçadas dos promotores” e “escassez de meios”. Mas, é preciso lembrar que o Festroia é “património cultural” do concelho, e também do distrito. O maior objectivo do festival “é ampliar e reforçar trabalhos” para continuar “a assumir os compromissos” com a população de Setúbal.
O director do Festroia pediu ao Ministério da Cultura que aponte “três exemplos de festivais que tenham mais público do que o Festroia”. No entanto, a resposta ainda não chegou e responsável porque “não existe”, acusa Mário Ventura. O único que pode ter mais audiência “é o Fantasporto”, refere.
Carlos de Sousa alega que a Câmara Municipal “vai fazer tudo” para que o Festroia “nunca termine” e acrescenta que a autarquia, mesmo estando com “a pior situação financeira do país, apoiou o Festroia”. O autarca acusa o poder central de “não cumprir as responsabilidades que lhes competem”, e o poder local é que “as tem de resolver”. O presidente da Câmara de Setúbal dá como exemplo o Festival dos Capuchos que terminou “por causa da falta de apoios do Estado”. Por isso, Carlos de Sousa considera “um acto histórico o esforço que a direcção do Festroia tem feito”.
Público vai poder escolher filme preferido
Um das novidades deste ano “é o prémio do público”, que vai ser escolhido através “do voto dos espectadores”. Estes vão poder avaliar os filmes em exibição e escolher o seu preferido. À entrada é-lhes entregue um impresso para poderem atribuir uma classificação aos filmes visionados.
Em paralelo com o festival vai também existir um Atelier – Escola de Cinema, destinado a crianças e jovens entre os 8 e 14 anos. O atelier vai realizar-se no Museu do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal, e tem como objectivo “incentivar os mais jovens para começarem a ser espectadores de cinema”. A experiência repete-se pela segunda vez, depois de o primeiro atelier, realizado há cinco anos, ter contado com a participação de 400 crianças. O responsável diz que o objectivo “é ultrapassar este número de crianças”.
O Festroia vai dedicar um ciclo de filmes ao futebol, pois o festival quis “associar-se à euforia que se está a viver devido ao Euro 2004”. Mário Ventura acredita que este ciclo “vai ter bastante público”. O corte dos filmes independentes americanos “vai manter-se”, bem como “uma redução de quase 20%” de convidados estrangeiros, o que considera “muito grave”. 