Presidente da AERSET apela
à internacionalização das empresas
O presidente da Associação Empresarial da Região de Setúbal (AERSET), António Capoulas, defende a necessidade das “empresas portuguesas se internacionalizarem”, sob pena de “colocarem em causa a sua sobrevivência”. Por isso, o responsável acredita que em breve vai vigorar um novo modelo de “diplomacia económica descentralizada”. Trata-se de um modelo “inovador” em que as associações de municípios e regionais se descentralizam para “avançarem com relações e projectos empresariais concretos”.
Foi o que aconteceu entre a Associação de Municípios de Setúbal (AMDS), a AERSET e o Governo do Estado do Ceará, no Brasil, que assinaram recentemente um Convénio de Cooperação Recíproca para a “promoção do desenvolvimento económico e social” nas duas regiões. O próprio convénio apresenta em anexo um plano de trabalho para que “não se fique apenas pelas intenções”. Como resultado da “grande vontade de colocar este protocolo na prática” nasceu a ideia do Primeiro Encontro de Negócios do Ceará em Setúbal, que se vai realizar nos dias 20 e 21 de Maio.
Setúbal e Ceará têm um histórico de relações que já data de 1998, quando foi assinado um primeiro convénio entre as duas regiões. Agora, resolveu-se “aproveitar esta excelente relação” para se proporcionar outro tipo de relações, nomeadamente económicas. A importância desta troca de experiências comuns pode ser, no entender de António Capoulas, uma “oportunidade para encontrar soluções de modo a fazer face à conjuntura económica”.
Uma dessas soluções é a aposta no alargamento das empresas a outros países. O responsável da AERSET diz mesmo que se as pequenas e médias empresas “não tiverem uma estratégia de internacionalização” terão “poucas hipóteses de se desenvolverem ou até de sobrevivência”.
A cooperação com o Ceará permite, “não só a possibilidade de expansão dos negócios”, mas também representa uma “forte possibilidade da região de Setúbal poder ser a porta de entrada do Brasil para a Europa”, em termos comerciais. Esta é uma “oportunidade que a região não vai querer desperdiçar”, refere António Capoulas. O Ceará tem dois portos importantes que utiliza para a exportação de produtos do interior brasileiro e que podem vir a entrar na Europa através dos portos de Sines e Setúbal. É uma “proposta estruturante” que está ainda em fase de estudo.
No Primeiro Encontro de Negócios do Ceará este Estado brasileiro e o Banco do Nordeste vão apresentar oportunidades comerciais e de investimento da região Nordeste do Brasil e os mecanismos de apoio que podem ser “aproveitados pelas empresas portuguesas”. Directores de empresas regionais, como a Ibatex e a Resibras, vão falar sobre o “sucesso dos seus investimentos no Ceará”.
Além disso, haverá seminários “paralelos” onde se vão abordar as áreas de interesse da cooperação económica bilateral, ou seja, sobre a possibilidade da vinda de investimento também para Setúbal a vários níveis. Por exemplo, ao nível económico, é “importante” que as empresas do Ceará “canalizem o fluxo do seu investimento prioritário para Setúbal”. Em termos turísticos, António Capoulas refere a importância de “dar a conhecer as potencialidades de Setúbal”, pois o Ceará já é bem conhecido e há muito turismo português para lá.
Vão ainda realizar-se encontros à margem do seminário entre empresários nordestinos e da região de Setúbal para a possibilidade de “concretizarem negócios”. Já se inscreveram 50 empresas da região para estes encontros e do Brasil são esperadas 35 empresas, entre as 49 entidades institucionais que se deslocam a Setúbal nos dias 20 e 21.
A importância do trabalho de parcerias
O presidente da AMDS, Carlos de Sousa, realça a “importância do trabalho de parcerias” que foi transmitida ao Estado do Ceará, através da experiência da associação nesta matéria. Depois de assinado o primeiro convénio em 1998, a AMDS ofereceu formação profissional aos eleitos do nordeste brasileiro e “foi este trabalho de parcerias que possibilitou a elaboração do Primeiro Plano de Desenvolvimento Integrado do Brasil”. Por isso diz que “é preciso dar continuidade a esta troca de experiências”, possibilitada com a assinatura de um novo convénio.
Também o presidente da Agência de Desenvolvimento Regional (CDR), Pedro Canário, concorda que estas trocas de experiências são um “desafio interessante”. O responsável defende que as empresas “têm de se unir para conseguirem responder à crise” e este tipo de iniciativas, como o Primeiro Encontro de Negócios do Ceará, são “absolutamente estratégicas”.