[ Dia 18-05-2004 ] – Ensino Secundário de Setúbal exige melhores condições.

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Os estudantes do ensino secundário do concelho de Setúbal manifestaram-se em frente ao edifício do Governo Civil, no âmbito do protesto nacional. Susana Costa, do Movimento das Associações de Estudantes do Ensino Secundário de Setúbal (MAEESS), explica que os alunos estão insatisfeitos com a “falta de condições materiais e humanas” da maioria das escolas do concelho, pelo que decidiram “reivindicar por problemas concretos”, com os quais “se deparam todos os dias”.

Susana Costa acusa o governo de adoptar uma estratégia de “descentralização do trabalho”, na medida em que o executivo se tem vindo a “desresponsabilizar dos problemas locais”. O objectivo é “atribuir às autarquias, e até mesmo às próprias escolas, a gestão”, mas estas, com as verbas que dispõem, “não conseguem dar resposta aos problemas”.

A Secundária Sebastião da Gama é uma das escolas referenciadas pelo MAEESS pelos problemas que apresenta. Susana Costa afirma que o “mau estado” em que se encontra o pavilhão desta escola “dificulta a prática da disciplina de educação física”. As casas de banho da escola encontram-se igualmente em “estado degradado”. A Escola D. Manuel Martins, por outro lado, não tem sequer pavilhão para a prática desportiva, o que “impede os alunos do 11º e 12º ano de fazerem educação física”.  Outro exemplo onde existem problemas é a Escola da Bela Vista, cujo “carácter provisório” se mantém há vários anos, sem ser encontrada uma solução.

Para além dos problemas específicos do concelho, esta manifestação serve também para protestar contra as medidas do Governo na área da educação. Os estudantes do ensino secundário do concelho de Setúbal estão contra a revisão curricular encetada. Susana Costa considera que a política do actual executivo “não permite o acesso em massa” ao ensino superior, pois “corresponde a critérios económicos”. Os cursos de medicina e direito são exemplo disso mesmo, na medida em que o curso de direito “custa muito menos ao Estado” que o de medicina. Por isso se verifica que as médias de direito “têm vindo a baixar”, enquanto que as de medicina “continuam a subir”, quando a realidade do mercado de trabalho apresenta uma “carência do número de médicos”.

Os estudantes continuam a reivindicar a introdução da Educação Sexual nas escolas. Susana Costa avança mesmo com um exemplo concreto do concelho, o da Escola D. João II, onde o “número de jovens grávidas tem vindo a crescer”. O MAEESS defende que a Educação Sexual “não deve estar limitada apenas a uma disciplina”, pois seria muito mais eficaz se fosse “abordada nas várias disciplinas”.

Os estudantes estão igualmente desagradados com a fixação de 9,5 valores como nota mínima do exame de acesso ao ensino superior. Consideram que a medida “não é justa”, pois “é preciso ter em conta os três anos de trabalho”, onde existe o sistema de avaliação contínua e onde as notas são “inflacionadas de período para período”. A representante do MAEESS considera injusto que todo o sucesso escolar esteja “dependente do exame”, onde “algo pode correr mal”.

O MAEESS considera que esta manifestação serviu para “reforçar o processo de luta”. As associações de estudantes defendem que “a luta não pode parar”, pelo que prometem novas formas de protesto para breve, “caso os problemas não sejam resolvidos”. seta-4400156