Homenagem a Raul Solnado marca a abertura
do Festroia
A homenagem ao actor Raul Solnado marcou a abertura da vigésima edição do Festival Internacional de Cinema em Setúbal, na passada sexta feira, no Fórum Municipal Luísa Todi. Luís Filipe Costa, membro da organização do Festroia, apresentou Raul Solnado como um “homem de olhos grandes e redondos”, com “mãos que moldam as coisas”. O actor recebeu o golfinho de ouro da organização do Festival e a Medalha da Cultura da Cidade, por parte da Câmara Municipal de Setúbal.
Luís Filipe Costa afirmou ainda que “o cinema português merece um puxão de orelhas por não ter dado, excepto em duas vezes, a oportunidade ao Solnado de se mostrar”.
Depois de ter feito rir a plateia, Solnado sublinhou a importância da homenagem e agradeceu o prémio que lhe foi entregue. “Este festival honra o país e temos uma grande necessidade de nos sentirmos honrados”, disse.
A abertura da vigésima edição do Festroia ficou igualmente marcada pelas palavras de Mário Ventura, director do festival, que criticou fortemente o não financiamento por parte do Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia (ICAM). Uma atitude que, no seu entender, não só se classifica como “triste, patética e ridícula”, como “colocou o Festróia em risco de acabar a curto prazo”. Dirigindo-se ao secretário de Estado da Cultura e ao ICAM, o director do Festroia disse ainda que o festival foi “vítima de um processo viciado e pouco transparente” que competiu “em situação de desigualdade em relação a outros”.
No entanto, Mário Ventura realçou o “enorme movimento de solidariedade” que se gerou em torno do Festroia, o que vem comprovar a importância deste evento. “Apesar dos escassos meios ao seu alcance, o festival contou com o apoio de instituições internacionais e pessoas da sociedade civil”, acrescentou.
Os “efeitos negativos” da falta de apoio do ICAM foram igualmente destacados. Não só “afectou todo o planeamento e organização do festival” como “obrigou à suspensão da secção de independentes americanos e de um programa dedicado ao realizador Kusturica”, disse o director. Também os convidados estrangeiros tiveram de ser em número reduzido este ano, já que implicam despesas consideráveis.
Nesse sentido, Mário Ventura concluiu que “a cultura é particularmente sensível às injustiças”.
Mesmo assim, o Festroia apresenta-se este ano com 147 filmes, representativos de 40 países que, segundo Mário Ventura, reflectem “uma riquíssima e diversa mostra de culturas e talentos”. Até ao próximo dia 13 de Junho, para ver no Cinema Charlot ou no Fórum Luísa Todi.