ASSENTO PARLAMENTAR
por Vítor Ramalho
(Deputado do PS eleito pelo distrito de Setúbal)
O comportamento da direita
Em democracia o julgamento dos governos faz-se em eleições: Os eleitores nelas apoiam ou penalizam os governos. Quer isto dizer que o último governo do Partido Socialista, ao ser arredado do poder, teve um juízo de negativo da opinião pública. Por isso foi afastado. Certamente porque nesse juízo os eleitores entenderam que os erros praticados exigiam que se experimentasse uma mudança.
Se isto é assim – e é – para quem respeita a vontade popular, sempre entendi que a persistência com que a actual coligação governamental, de direita, ao culpar a anterior governação de todos os males do mundo, tinha um propósito. Que hoje é visível. Esse propósito foi e é o de evitar olhar para o futuro e alavancar uma ideia para Portugal, corrigindo-se eventualmente feito, quando feito menos correctamente. Não há factos totalmente perfeitos.
Ao fustigarem o passado, esta coligação de direita não mais pretende afinal que justificar toda a desgovernação em que se encontra. Chegando ao absurdo de fundamentar actos, errados e graves, que pratica, com exemplos da governação anterior.
Como quem diz – se fizeste mal eu vou fazer pior. Pensam – erradamente – que os eleitores não têm memória. Um exemplo – o chorudo ordenado atribuído ao Director Geral dos Impostos é apresentado como normal, porque a governação anterior – dizem – noutros casos fez o mesmo. Pese embora a falsidade, é também esse argumento que é arremessado a favor da segunda fase de privatização da GALP e de inúmeras outras situações.
A direita, que só tem memória para o que lhe interessa e parte do principio que o povo não sabe o que quer, esconde entretanto tudo o que de muito positivo a governação anterior do PS realizou. Chega mesmo ao despudor de nesta campanha eleitoral estar a inaugurar empreendimentos, num grande afogadilho, escamoteando que cerca de oitenta por cento deles foram impulso do governo do PS. Felizmente os eleitores podem agora comparar e os eleitores do distrito de Setúbal muito em particular. Em quase todos os domínios – na taxa de desemprego, no investimento público, na protecção social, na recuperação das empresas em crise e também na concepção que existia quanto a uma ideia clara para Portugal.
E que agora ninguém sabe qual seja. Claro que o governo anterior cometeu erros – repito. Na actividade humana nada é perfeito e os erros eventualmente praticados são um estímulo à correcção, quando há ideias e generosidade.
A direita não pensa assim. Entende que são ungidos do Senhor, receptadores de uma qualquer mensagem divina. Não são, como hoje salta à vista desarmada.
É por isso que é do interesse geral que sejam fortemente penalizados no próximo acto eleitoral do dia 13 de Junho. Não votar, por inércia, é pura e simplesmente manifestar concordância com esta política desastrada, que nos está a conduzir para maus caminhos. É tempo de inflectir esta política. É mesmo um imperativo nacional. É assim que o encaro.