Candidatos de Setúbal ficaram pelo caminho
Os candidatos de Setúbal nas listas do PS e CDU ficaram a um passo de conseguirem um lugar no Parlamento Europeu (PE). Joel Hasse Ferreira, que passou do 14º lugar da lista do PS para o 13º devido à morte de Sousa Franco, esperou até ao último momento para saber se conseguiria obter o último assento socialista no PE, mas o PS elegeu 12 eurodeputados. Satisfeito com a vitória do PS nestas eleições europeias, com uma diferença de cerca de 11% dos votos em relação à coligação de direita, Joel Hasse Ferreira defende que esta foi uma “grande penalização dos portugueses” para o Governo.
O candidato de Setúbal na lista do PS vai “continuar a representar o distrito na Assembleia da República”, já que ficou a um passo de ser eleito para o PE. O PS alcançou uma “clara vitória” sobre a coligação Força Portugal, numa noite eleitoral que fica também marcada pelo aúncio de Ferro Rodrigues de recandidatar-se ao cargo de secretário-geral do partido.
Hasse Ferreira acredita que a coligação PSD-PP “está a pagar, com estes resultados, os erros do Governo”. A derrota da direita é um “sinal claro do descontentamento dos portugueses” face às políticas do Executivo liderado por Durão Barroso, refere. Por isso, defende que o Governo “terá de rever as suas políticas” e “acabar com a demagogia”.
Papel de peso nestas eleições teve também a abstenção que bateu recordes, uma vez mais, e ultrapassou mesmo os 60%. No entender de Hasse Ferreira, esta situação deve-se ao facto de as pessoas estarem “mal informadas” sobre os objectivos das eleições europeias e, também, por o Governo “nada ter feito para evitar tão elevado nível de abstenção”. Uma das razões evocadas é “a recusa do Governo em alargar o horário de votação até às 22:00h”.
O “Setúbal na Rede”tentou contactar a candidata de Setúbal da CDU, Odete Santos, mas tal não foi possível até ao momento. Odete Santos ficou também a um passo de ser eleita para o PE e há uma curiosidade ligada a este facto. É que, apesar de a CDU ter ficado em segundo lugar na votação do distrito, no concelho de Setúbal, onde Odete Santos é presidente da Assembleia Municipal, a coligação PCP-PEV conseguiu apenas o terceiro lugar.
Relativamente ao candidato do PSD na lista de Setúbal, Miguel Frasquilho, desdramatiza a derrota da coligação de direita e nega que este resultado seja uma penalização ao Governo. Para Miguel Frasquilho, os resultados “não reflectem o descontentamento dos cidadãos”, mas, “é o ciclo normal da política”, pois as eleições europeias “acontecem a meio do mandato do Governo”. Para Miguel Frasquilho o elevado número da abstenção foi “uma condicionante dos resultados”.
Resultado histórico para Bloco de Esquerda
Estas eleições traduzem-se ainda num resultado “histórico” para o Bloco de Esquerda (BE) que conseguiu eleger Miguel Portas para o Parlamento Europeu (PE). Trata-se não só do melhor resultado de sempre em termos relativos, mas também em termos absolutos, ou seja, é o maior número de votos algum vez alcançados pelo BE. Para o candidato de Setúbal na lista do BE, Pedro Soares, estes resultados representam a “clara afirmação política” do BE. Em Setúbal, os bloquistas conseguiram 7% dos votos
Pedro Soares considera que a “vitória da esquerda sobre a direita” é uma “penalização” e “uma espécie de moção de censura dos cidadãos” às políticas do Governo. O candidato aponta como exemplo o facto de o Governo liderado por Durão Barroso ser “o campeão do desemprego” e, nesta matéria, “o distrito de Setúbal é um dos mais penalizados do país”. Agora, o Governo “tem de interpretar a decisão dos portugueses” e “tomar medidas”. Uma das prioridades, no entender de Pedro Soares, é “a retirada imediata da GNR do Iraque”.
Relativamente ao elevado número de cidadãos que se abstiveram, Pedro Soares refere que “já era previsível” porque “as pessoas estão mal informadas” e a União Europeia “está muito afastada dos cidadãos”. O candidato defende que os partidos políticos devem “discutir mais as políticas europeias” em Portugal. No seu entender, os partidos devem “transmitir mais o que se passa na Europa” e o processo europeu “deve ter uma maior participação dos cidadãos”.
Feitas as contas, o PS elegeu 12 eurodeputados, a coligação PSD-PP elegeu 9, a CDU 2 e o Bloco de Esquerda, num momento histórico para esta força política, vai poder sentar um eurodeputado no PE. No distirto de Setúbal, o PS venceu com 42,71% dos votos e a CDU ficou em segundo lugar com 24,90%. A coligação Força Portugal obteve 17,39% e o BE conseguiu 7,24% dos votos no distrito. A nível nacional, o PS consegiu cerca de 44% dos votos contra os 33% da coligação Força Portugal. Para a CDU vão 9,11% dos votos e para o BE 4,3%.