União de Sindicatos de Setúbal quer
nova política económica
Aumentar os salários “para induzir ao crescimento económico” é uma das medidas que o dirigente Rui Paixão vai defender, amanhã, no 7.º Congresso da União de Sindicatos de Setúbal, no Barreiro. Sob o lema “Valorizar e Dignificar o Trabalho, Por uma Política de Progresso Social”, cerca de duas centenas de sindicalistas vão fazer o balanço dos últimos quatro anos e debater as perspectivas para o futuro. Rui Paixão acrescenta que Portugal “está perante a mais feroz ofensiva contra os trabalhadores”.
A União de Sindicatos de Setúbal reivindica “uma verdadeira política económica para o distrito”. O distrito “precisa de manter os sectores estratégicas de capacidade produtiva”, como a construção naval, a siderurgia e a indústria automóvel. Nenhum país ou região se desenvolve “com a destruição do aparelho produtivo”. O Governo “está a subaproveitar a grande potencialidade da região”.
Rui Paixão indica a destruição da indústria têxtil, no concelho Moita, como “mais um erro deste último mandato”. De acordo com o dirigente, este sector oferecia produtos de qualidade e mão-de-obra qualificada, o que “representa outro desperdício de capacidade produtiva”. Por exemplo, de 43 600 desempregados apenas 16,7% “não dispõe de quaisquer qualificações”.
“É preciso um novo modelo de desenvolvimento económico”, contrário ao do Governo. Segundo Rui Paixão, o Executivo “tem beneficiado, antes, um crescimento económico”, porque “o desenvolvimento só é possível com a dignificação do trabalho”. Sintomático disso é a diminuição dos salários que “retira capacidade de compra aos portugueses”. Com um custo de vida elevado, e com as actuais margens de lucro “desmesuradas” das empresas “é impossível incentivar o consumo”.
Além disso, “a crise não é para todos”, o que “aumenta a situação de injustiça social”. Assim, o dirigente só pode concluir que está a ocorrer “um retrocesso social”. A “mercantilização” da saúde, do ensino, e da segurança social é disso exemplo. A saúde “não pode ser transformada num negócio” porque a Constituição da Republica considera-a “um direito universal”. Estas opções “põem em causa o papel social do Estado”. .