[ Dia 28-07-2004 ] -AFLOPS critica má gestão do território na Arrábida.

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Dia Nacional da Conservação da Natureza

AFLOPS critica má gestão do território na Arrábida

A gestão “desadequada” do território na Serra da Arrábida é, no entender do presidente da Associação de Produtores Florestais da Península de Setúbal – AFLOPS -, José Miguel Caetano, “uma das principais brechas na prevenção de incêndios”. Para este responsável, é “indispensável haver uma harmonia entre a conservação da natureza e a intervenção no território”.

Uma “triste coincidência” acaba por marcar este Dia Mundial da Conservação da Natureza, já que, ainda ontem, decorria um incêndio que devastou mais de 1000 hectares de zona protegida na Serra da Arrábida. O “inferno” das chamas levanta mais uma vez a questão de como está a ser feita a conservação das zonas naturais, em Portugal, e também se foram ou não acauteladas as medidas de prevenção necessárias.

Uma das vozes críticas é a de José Miguel Caetano, para quem todas as entidades envolvidas na preservação do Parque Natural da Arrábida “têm de perceber” que “há uma falha na gestão do território”. Por isso, apela para a necessidade de uma “mudança urgente” e para uma “nova gestão que não sirva apenas para impor proibições”.  

Este responsável explica que a abertura de aceiros e de caminhos florestais “pode ajudar a prevenir a propagação de um incêndio”, de modo a que “não tome as proporções da tragédia de domingo”. “A abertura de caminhos e de linhas florestais contínuas” é “essencial” para que os meios de combate possam chegar mais rapidamente ao local do sinistro. No entanto, estas medidas “são, infelizmente, proibidas pelo Parque Natural da Arrábida”.  

O incêndio que assolou a serra, nos últimos três dias, só comprova, segundo defende José Miguel Caetano, que “a gestão do parque não assegura as condições mínimas para travar um grande incêndio”. Por isso, no Dia Mundial da Conservação da Natureza, apela para uma “reflexão profunda” sobre o que se está a fazer sobre esta matéria em Portugal e sobre o que é preciso mudar.

“Enquanto não se considerar uma actividade a conservação de zonas protegidas como a Arrábida” e “apenas se imponham proibições”, a gestão do território será a “grande falha” no combate aos incêndios. Grande parte dos mais de 1000 hectares de território que arderam no domingo e segunda-feira, na Arrábida, são zonas de protecção integral. Ou seja, são áreas de vegetação considerada “muito importante, em termos de preservação”, e que são alvo das ”maiores restrições à intervenção por parte dos proprietários florestais”.

O “Setúbal na Rede” tentou contactar a directora do Parque Natural da Arrábida e o Instituto da Conservação da Natureza, mas aguarda ainda por uma resposta. seta-6003487