Dia Nacional da Conservação da Natureza
José Manuel Palma defende
mudança na gestão do PNA
É um “dia de luto” para a conservação da natureza ou não tivessem ardido nos últimos dias milhares de hectares de território em zonas protegidas do país. A Arrábida foi uma delas, o que leva o ambientalista da Quercus, José Manuel Palma, a defender uma “reformulação do modo como se gere o Parque Natural da Arrábida (PNA) e os ecossistemas da serra”.
José Manuel Palma, que também é assessor da cimenteira Secil, no Outão, para as questões ambientais, sublinha que “são se está a fazer devidamente a conservação da natureza, em Portugal”. Aliado a este factor, no Parque Natural da Arrábida “não existe uma gestão integrada do território”, o que acaba por “condicionar a colocação de meios de combate aos fogos”.
José Manuel Palma frisa que o Parque Natural da Arrábida “não deve ser encarado apenas como um centro de proliferação de pinheiros e eucaliptos”. Por isso, alerta para a “criação de zonas tampão, no parque,” e para a “necessidade de uma gestão mais rigorosa das construções”. Na Arrábida existe uma “dispersão da habitação”, quando “deveria haver precisamente o contrário”. Deste modo, “como é natural”, os meios de combate são posicionados junto às casas em perigo e o fogo alastra-se em várias frentes.
O clima e a vegetação mediterrânicos da Arrábida “já convivem com o fogo há muitos milhares de anos”, explica o ambientalista. No entanto, existiam “ecossistemas específicos já com determinadas dimensões, precisamente, por não haver incêndios há muitos anos”. Daí que José Manuel Palma considere que uma das mudanças “necessárias” na gestão do parque “contemple o património natural que não esteja habituado a co-habitar com o fogo”. Ou seja, é preciso tomar medidas para que este tipo de património “absorva mais naturalmente o fogo, sem que seja colocada em risco a sua segurança”.
Ainda estão por avaliar as consequências para o ecossistema resultantes da “tragédia” na Serra da Arrábida. Esta é uma tarefa que José Manuel Palma pretende ainda fazer e que “terá em conta a existência de várias classificações de zonas dentro do Parque Natural da Arrábida”. Nas zonas de matagal a vegetação “pode começar a recuperar dentro de três a quatro anos”, mas nas zonas de mata coberta a recuperação será “muito difícil”.