Incêndio na Arrábida está em fase de rescaldo
O incêndio na Serra da Arrábida está em fase de rescaldo desde a madrugada. Contudo, o coordenador operacional, Mário Macedo, confirma que “há vários reacendimentos” junto ao Portinho da Arrábida, na zona das antenas da Rádio Renascença e da RDP e em Vale da Rasca. Hoje “estão quatro helicópteros a ajudar no rescaldo das operações”, ao contrário de ontem quando “só um meio aéreo combatia as chamas na serra”.
Apesar de estar em fase de rescaldo, houve “um reforço nos meios de combate”. Hoje há quatro helicópteros no ar e “mais 20 homens disponibilizados pela Portucel”. Apenas 40 homens tiveram de sair “para poder acudir incêndios nos concelhos a que pertencem”. Uma coluna de Lisboa está a ajudar nestas operações e a Secil fornece muita água. O Centro de Coordenação Distrital confirma que a desmobilização de meios “não deve ocorrer durante o dia de hoje” por causa das altas temperaturas.
As causas do incêndio não são conhecidas. Três semanas depois do incêndio de Vale de Barris, o secretário de Estado da Administração Interna, Nuno Magalhães, não sabe explicar o que falhou na prevenção do incêndio. “É evidente que a preocupação fundamental é prevenir” e, de facto, “é preciso investigar as causas do incêndio” e “se falhou algo na prevenção”. Contudo, ressalva que “não é tempo para especulações, nem para balanço”, e sim “de combate”.
As chamas não destruíram habitações, mas danificaram o telhado de uma casa em Vale da Rasca e dois anexos de instalações agrícolas. Os 300 cavalos da Herdade do Arneiro, onde começou o incêndio, estiveram em perigo mas não foram afectados. A torre da Rádio Renascença (RR) caiu e algum equipamento da Radiodifusão Portuguesa “ficou danificado”. Segundo João Ramos, da Direcção Técnica da RR, as pessoas de Setúbal, Sesimbra, e Alentejo litoral “não conseguem captar o sinal”. Ainda não avaliaram o impacto financeiro, mas “vai ser avultado”.
O maior prejuízo foi de facto ambiental porque arderam 740 hectares da mata atlântica protegida. O trabalho que a cimenteira Secil tem vindo a desenvolver em torno das pedreiras “ficou danificado em alguns pontos”. O administrador da empresa, Carlos Abreu, explica que a zona de rocha Calcário “vai ser difícil de recuperar”, ao contrário de parte do trabalho em Marga, uma pedra natural. Mas o administrador faz questão de sublinhar que “as perdas materiais são irrelevantes, comparadas com o património da Arrábida”.
O incêndio começou por volta das 14 horas, ontem, junto à Herdade do Arneiro, na Nacional 10, que aliás esteve cortada. O fumo era muito intenso e, para prevenir intoxicações, as praias da Figueirinha, Galapos e Arrábida foram evacuadas, bem como os parques de campismo do Outão e do Barreiro. No bairro operário, junto à Secil, evacuaram-se os idosos para Setúbal, mas “a fábrica nunca esteve em perigo”. O coordenador da protecção Civil de Setúbal, José Luís Bucho, acrescenta que “esteve tudo preparado para evacuar o hospital ortopédico do Outão”, mas “não foi necessário”.
José Luís Bucho conta ao “Setúbal na Rede” como foi evacuar as praias num dia de tanto calor. “Não houve pânico e correu tudo bem”, apenas algumas pessoas do parque de campismo do Outão se mostraram “mais relutantes em abandonar a zona”. Controlar o trânsito foi relativamente “fácil” porque “se abriu o sentido Azeitão/Setúbal”, normalmente proibido durante o Verão, o que tornou o tráfego automóvel “mais rápido”. A interdição às praias e aos parques de campismo mantém-se porque ainda “estão a ser feitos trabalhos de limpeza da via”.