[ Dia 29-07-2004 ] – Verdes exigem investimento em meios aéreos de combate aos fogos.

0
Rate this post

Verdes exigem investimento
em meios aéreos de combate aos fogos

O Partido Ecologista Os Verdes (PEV) reivindica “mais investimento na prevenção dos incêndios”, em Portugal, e, “sobretudo na aquisição de meios aéreos”. A ecologista Manuela Cunha acredita que a intervenção aérea, “no momento oportuno”, na Arrábida, ou seja, no domingo, quando o incêndio deflagrou, “poderia ter facilitado o combate às chamas”.   

No Dia Nacional da Conservação da Natureza, que se assinalou ontem, Os Verdes visitaram o cenário “desolador” que as chamas provocaram no Parque Natural da Arrábida (PNA). Ardeu uma vasta área de “importância primordial, em termos de conservação da natureza”, mas os ecologistas esperam que “a natureza se consiga regenerar” e devolva o verde à serra.

No entanto, apesar de ter ardido cerca de 30% da reserva integral do parque, o PEV continua “optimista” em relação à candidatura da Arrábida a património mundial. O deputado Álvaro Saraiva acredita que “continuam reunidas as condições para essa candidatura”, por isso, o incêndio “não deve servir como desculpa para se abandonar o projecto”.

Depois de contactar a Associação de Produtores Florestais da Península de Setúbal (AFLOPS) e a direcção do PNA, Manuela Cunha conclui que a vigilância no parque “é razoável”. Contudo, “o pior aconteceu”, apesar de “os meios de prevenção estarem alerta”. Depois, teria de se “adequar a resposta às características da serra”. Como a Arrábida tem uma “demografia específica”, os meios aéreos são “fundamentais” no combate ao fogo. Mas estes chegaram “demasiado tarde”, o que demonstra as “debilidades na coordenação do comente aos fogos, no país”.

Para Álvaro Saraiva, enquanto o Governo continuar a encarar o ambiente como o “parente pobre”, os incêndios vão continuar a devastar áreas importantes como a Arrábida. As temperaturas altas “não podem ser desculpa” para a “falta de investimento” na prevenção dos fogos e na conservação da natureza. É preciso apostar numa “maior e melhor preparação”, com a introdução de “mais meios de vigilância e de combate aos fogos”.

“É lamentável que ano após ano se repitam os mesmos erros”, refere Álvaro Saraiva, e que um Governo que já teve quatro ministros do Ambiente em dois anos “ainda não tenha feito nada em termos de política florestal”. Esta ideia é corroborada por Manuela Cunha que critica o “atraso” da implementação da Agência de Prevenção Florestal.

A medida foi apresentada pelo Governo em Outubro de 2003 e aprovada em Abril passado. No entanto, ainda não passou à prática porque o secretário de Estado dos Assuntos Florestais “justificou-se com a falta de verbas”, já que a agência não foi incluída no Orçamento de Estado para 2004. Por isso, aquela que poderia ter sido uma medida “interessante”, torna-se, segundo Manuela Cunha, mais um exemplo das “muitas medidas que, há vários anos, não saem do papel”.

Outro exemplo do desinvestimento na conservação da natureza, apontado por Manuela Cunha, é o estado de “completo abandono” a que o Governo deixou chegar o Instituto da Conservação da Natureza (ICN). Desde a falta de pagamento de salários, passando pela falta de verbas para “coisas básicas” num local de trabalho, é notório que o instituto foi “abandonado”.

Manuela Cunha reconhece que ICN tem “debilidades no funcionamento”, mas a sua extinção será uma “grande perda para a conservação da natureza”, em Portugal. Os técnicos dos parques e reservas naturais têm realizado um “trabalho meritório”, mas “não lhes são fornecido os meios suficientes”.  seta-6018366